Após julgamento, Lula se compara a Tiradentes e Mandela
SÃO PAULO. Em discurso para milhares de manifestantes na Praça da República, em São Paulo, o ex-presidente Lula se comparou a Tiradentes e ao ex-presidente sul-africano Nelson Mandela para atribuir a confirmação de sua condenação por corrupção na Lava-Jato ao descontentamento de parcela da sociedade com conquistas sociais de seu governo.
Dizendo que não esperava outro posicionamento dos desembargadores do TRF-4 e que sua sentença era resultado de "mentiras", ele defendeu a união das esquerdas nas eleições de outubro e voltou a dizer que quer ser candidato a um terceiro mandato, apesar do risco de ser impedido pela Lei da Ficha Limpa.
O ex-presidente disse respeitar a decisão dos desembargadores, mas não os fatos citados para justificá-la.
— Eu me disporia a ficar com os três juízes um dia inteiro, eu quero que eles mostrem qual é o crime que o Lula cometeu. Quero que eles peçam desculpas pela quantidade de mentiras que eles estão contando contra mim já faz quatro anos — disse o ex-presidente, reclamando ter sido condenado por um "desgraçado de um apartamento" que, segundo ele, não é seu.
Para Lula, se agora o condenaram, que pelos menos lhe entreguem o apartamento.
— Me deem uma escritura. Até já pedi para o Guilherme Boulos (líder do MTST) mandar o pessoal dele ocupar aquele apartamento. Já que é meu, ocupe - afirmou.
Citando o acesso de parcelas da sociedade a bens de consumo durante seu governo e à educação superior e à habitação graças a um programa de financiamento estatal, Lula disse que estes foram os elementos julgados nesta quarta-feira pelos desembargadores de Porto Alegre.
— Quero que eles saibam que eu não tenho a preocupação que eles pensam que eu vou ter. Porque eles não podem prender um sonho de liberdade, eles não podem prender as ideias, a esperança. O Lula é apenas um homem de carne e osso. Eles podem prender o Lula, mas as ideias já estão colocadas na cabeça da sociedade brasileira.
ASSUNTOS: Brasil