Um novo AI 5, piorado, em vigor no País
- Parlamentares cassados, imprensa amordaçada, perfis banidos das redes sociais…
Juntadas num só compêndio todas as restrições de direitos adotadas pelo Supremo Tribunal Federal nos últimos dois anos, teremos a reedição, piorada, do Ato Institucional No 5, pilar do controle social e das liberdades civis durante o regime militar.
Parlamentares são cassados, leis editadas pelo Poder Legislativo são revogadas sob alegação de inconstitucionalidade, inquéritos são abertos pelos próprios ministros que investigam, acusam e julgam; prerrogativas da advocacia, uma conquista pós ditadura, são ignoradas e com ela o direito de defesa.
Tem uma coisa muita errada no país e que precisa ser abertamente discutida e resolvida: a falta de compreensão do verdadeiro sentido da democracia. E esse equívoco tem origem no próprio STF.
Que democracia é essa que os ministros da Suprema Corte insistem em afirmar que são seus tutores?
Onde está a autocontenção tão necessária para evitar arroubos e minar a confiança da sociedade em um tribunal que, como guardião da Constituição, tem o dever de preservar direitos fundamentais, como a liberdade de opinião, de expressão e de imprensa.
É preciso entender que numa democracia pessoas ou grupos de pessoas podem pensar diferente, inclusive de ser contra a democracia.
Os Estados Unidos, com todos os defeitos que tem como país que se arvora em ser dono do mundo, é um exemplo de que as leis que garantem direitos individuais e coletivos são respeitadas.
Lá existem movimentos comunistas, nazistas, neonazistas, anti-imigração, protegidos por uma Constituição que impede qualquer sanção do Congresso ou do Judiciário a esses grupos. E, entretanto, os EUA são reconhecidamente uma democracia.
É essa lição que o Brasil precisa aprender. E urgentemente, pois a maior ameaça à democracia está exatamente no preciosismo das decisões da corte de proteger o que efetivamente não está protegendo: a democracia. .
ASSUNTOS: Ai5, censura, STF
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.