Roubos continuam crescendo em Manaus e chegam a 5 mil em 60 dias
Embora não tenha solucionado 98 por cento dos crimes de homicídio ou roubos, a Secretaria de Segurança Pública do Amazonas tem sido diligente em publicar as ocorrências mensais de crimes ocorridos no Estado. Ao menos é transparente, embora os dados que disponibiliza sejam preocupantes. O número de roubos ano passado somou 37.651, contra 34.458 somente em Manaus no ano anterior, 2019.
A secretaria atualizou apenas janeiro e fevereiro deste ano e os números ja assustam: em 60 dias foram registrados 5.088 assaltos.
Já falamos nisso noutras oportunidades, mas sem consequência, sem atitude das autoridades para ao menos minimizar o problema.
Para além de culpar somente a policia, que em verdade não é onipresente e não pode prever investidas de criminosos, cabe questionar em quais circunstâncias ocorrem a maioria desses assaltos ou roubos - nas ruas e o principal produto levado pelos assaltantes são celulares que, em posse dos bandidos, facilitam duas espécies de delito: acesso ao pix, que está em todos os aparelhos celulares ou na maioria deles, e o valor de revenda do aparelho no mercado negro.
Esse crimes não são praticados por um larápio solitário.Ele tem motocicleta e um ajudante.
Na prática, fazem parte de organizações criminosas que buscam fazer caixa. E isso ocorre exatamente quando a policia aperta o cerco ao tráfico, especialmente nos rios amazônicos, mas esquece literalmente da cidade. As ações de prevenção, de desmobilização dessas organizações dentro de Manaus praticamente não existem.
Outro crime que vem ocorrendo é o assalto a caminhões de transporte de mercadorias, também por esses grupos. O produto do roubo é vendido em pequenas mercearias a preços muito baratos, comércio do qual essas organizações ou são proprietárias ou sócias - uma forma também de gerar dinheiro para fortalecer a presença do grupo criminoso em áreas da periferia da cidade.
E ninguém faz o dever de casa… Por que ? Porque muito provavelmente essas organizações estenderam seus domínios sobre muita gente boa, sobre as quais não reside a menor suspeita e pelas quais muitos ingênuos colocam a mão no fogo.
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.