Chuvas expõem desigualdade em Manaus e em todo o Amazonas
- Não é apenas o excesso de chuva que destrói sonhos e vidas no Amazonas. É a desigualdade que transforma a chuva em tragédia. Onde faltam infraestrutura e políticas públicas, qualquer evento extremo vira desastre.
- O governo federal não avançou em obras essenciais nem criou soluções estruturais para integrar o estado e reduzir seus custos sociais.
- Algumas decisões judiciais, embora justificadas como proteção ambiental, acabaram produzindo efeitos contrários, com ações que não protegeram a floresta e ainda agravaram os problemas das comunidades..
O ano de 2025 termina sem boas notícias para grande parte do Amazonas. Os problemas antigos não diminuíram, pelo contrário, ficaram mais visíveis. O narcotráfico avançou sobre territórios frágeis, a violência continuou, o saneamento básico segue precário e a crise climática cobra um preço alto das populações mais pobres.
As chuvas fortes que atingem o estado deixam um rastro conhecido. Casas destruídas, famílias desalojadas e comunidades inteiras sem apoio suficiente do poder público.
Enquanto isso, o Amazonas segue travado por decisões tomadas longe da realidade local.
Neste Natal, o que se espera não é discurso, mas mudança de rumo. O Amazonas não precisa ser lembrado apenas como símbolo ambiental, mas tratado como um território vivo, com gente que precisa de estrada, saneamento, segurança e dignidade. Que o próximo Natal seja menos duro e que 2026 traga menos abandono e mais responsabilidade com quem vive aqui.
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.