A revolta do coronel Vinícius e o CPP
- Leis mais duras - como sugere Vinícius - passam a ilusão de que se resolveu uma questão vital, mas não atacam o núcleo das organizações criminosas, nem seus tentáculos, que se espalharam pelo estado brasileiro.
É compreensível a revolta do secretário de Segurança, Coronel Vinícius, com o fato de os presos durante as comemorações do crime organizado, na noite de ontem em Manaus, terem sido colocados em liberdade imediatamente pela Justiça.
Mas erra ao defender o endurecimento da legislação para resolver o problema. Além de medida como a sugerida pelo secretário hipertrofiar o Código Penal, já excessivamente duro e entulhado de restrições legais, seu resultado é pífio.
Coronel Vinicius Almeida fala sobre legislação pic.twitter.com/NKpNFET7XF
— Portal do Holanda (@portaldoholanda) February 12, 2025
Leis mais duras - como sugere Vinícius - passam a ilusão de que se resolveu uma questão vital, mas não atacam o núcleo das organizações criminosas, nem seus tentáculos, que se espalharam pelo estado brasileiro.
Tem razão o secretário ao afirmar que o problema provocado pelo tráfico e seus comandos é uma ferida nacional, que precisa ser cicatrizada. Mas não basta uma polícia ativa - como aliás, sejamos justos, tem sido a atuação dos órgãos que Vinícius comanda no estado do Amazonas.
É preciso, antes, uma política voltada para a inteligência, que identifique os líderes, o nível de infiltração nos poderes do estado brasileiro, para chegar aos comandantes - estes sim, engravatados que circulam nos centros de poder e que permanecem anônimos e intocáveis.
ASSUNTOS: Amazonas, Coronel Vinícius CPP, CV, Manaus, Tráfico
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.