O passivo de vereadores com Manaus
- Cabe aos eleitores a decisão de renovar, de apostar em novas ideias e mandar esse pessoal para casa no próximo ano
Não há figura pública mais importante em uma cidade do que o vereador. É ele que propõe leis e fiscaliza as ações do prefeito. Fala em nome dos eleitores e reverbera as expectativas de toda a comunidade. Em Manaus são 41.
O que eles fizeram até agora desqualifica a grande maioria para a reeleição. Não que não tivessem tentado, mas faltou capital intelectual, conhecimento do papel de legisladores, vontade política, compromisso com a cidade e os interesses dos cidadãos que os elegeram.
O que esclarece, mas não justifica, o pouco que fizeram até aqui. Mesmo iniciativas que nasceram de demandas populares, como a ‘CPI da Águas de Manaus’, constituída para esclarecer e denunciar irregularidades no abastecimento de água e os jabutis inseridos no processo de privatização da Cosama - tiveram resultado pífio.
O relatório apresentado surpreendeu pela pobreza de argumento, a incapacidade de investigar e a rendição ao lobby da concessionária de água, que não queria ser investigada, dado o seu passivo com a sociedade.
Em outra oportunidade, os vereadores conspiraram contra Manaus, ao rejeitarem empréstimo de R$ 600 milhões para conclusão de obras de infraestrutura da cidade.
Cabe aos eleitores a decisão de renovar, de apostar em novas ideias e mandar esse pessoal para casa.
Mas a eleição de 2024 passa pela escolha do prefeito e é essa guerra que começou agora com toda força, antecipando uma disputa que só ocorrerá dentro de um ano, que atrapalha a cidade.
De um lado uma Câmara inoperante, mas hostil à atual administração. De outro o governo do Estado tocando obras dentro do perímetro urbano. Necessárias, que se diga, mas ocorrem à revelia da prefeitura, rompendo uma parceria que era benfazeja e republicana.
O rompimento da parceria, com a alegação não formalizada, de que faltava transparência no uso dos recursos, é carente de fundamentação.
Estão aí os órgãos de controle e, mais que isso, a cláusula que permitia ao governo do estado o acompanhamento de cada fase do contrato.
O asfalto na cidade define uma eleição e, claramente, o governo quer eleger um candidato de seu time. Se de certa forma é uma interferência na autonomia do município, de outro permite que oportunistas se apropriem do feito e mostrem a cara como pré-candidatos.
Essa será a disputa mais difícil, porque o que não falta é oportunistas se credenciando para disputar o cargo de prefeito de Manaus.

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.