MP-AM investiga Águas de Manaus por serviço precário e cobrança abusiva
- A inoperância da concessionária Águas de Manaus não se mede apenas pelo asfalto rompido ou pelo esgoto que corre a céu aberto — mede-se também pela indiferença construída ao longo do tempo.
- Cada buraco não recomposto, cada conta injusta, cada denúncia ignorada, são manifestações visíveis de um modelo de concessão que se divorciou do interesse público.
O inquérito civil aberto pelo Ministério Público do Estado do Amazonas contra a concessionária Águas de Manaus, para investigar a cobrança de tarifa de esgoto e a efetividade da fiscalização da Ageman, representa um gesto que, embora tardio, merece ser reconhecido.
A iniciativa é uma correção de rota — uma reação necessária ao esgotamento da paciência coletiva e à degradação de um serviço essencial que se tornou sinônimo de frustração pública.
Mas há algo que precisa ser dito sem rodeios: o despertar do controle institucional, por mais bem-vindo que seja, não apaga os efeitos da omissão anterior.
Durante anos, a conivência implícita entre quem deveria fiscalizar e quem deveria prestar o serviço criou um ambiente de impunidade operacional.
A Ageman, criada para proteger o interesse público, pareceu capturada pela lógica da acomodação, mais preocupada com relatórios e notas oficiais do que com o impacto real sobre a vida do cidadão.
MP abre inquérito contra Águas de Manaus por tarifa de esgoto e exige fiscalização da Ageman
ASSUNTOS: Águas de Manaus, Ministério Público do Amazonas, saneamento
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.