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Lula, o inocente


Por Raimundo de Holanda

06/09/2023 19h57 — em
Bastidores da Política


  • Justiça não se faz com vingança, nem se reescreve a história recente do País com giz de cera.

Deve ser respeitada a obsessão do presidente Lula de reescrever a história. O que não se esperava é que obtivesse sucesso tão rápido quanto surpreendente na sua empreitada. O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal, acaba de anular todas as provas obtidas no acordo de  leniência que a Força Tarefa da Lava Jato obteve junto à empreiteira Odebrecht.

Toffoli diz na sua decisão que a prisão de Lula foi  um dos maiores erros da história judiciária do País. Poderia ter ficado nas falhas do acordo, na forma como foi conduzido, mas o ministro deu um passo perigoso, ao afirmar que a detenção de Lula “foi uma armação, fruto de um projeto de  poder de determinados agentes públicos em seu objetivo de conquistar o Estado”. A velha teoria conspiratória que vem obstando qualquer iniciativa de pacificação do Brasil.

A Controladoria Geral da União e o Ministério da Justiça, com base nos argumentos de Dias Toffoli, imediatamente anunciaram a formação de  força tarefa para  investigar procuradores e juiz que capitanearam a Lava Jato. Não foi uma boa iniciativa.  Não no momento. Justiça não se faz com vingança nem se reescreve a história recente do País com giz de cera. 

Mas se houve erro - como diz o ministro, as  falhas não se limitaram a 13a Vara Federal de Curitiba. Todo o sistema de justiça falhou. O próprio STF não acolheu o habeas corpus impetrado pela defesa de Lula, que acabou preso.

Houve corrupção, a Odebrecht admitiu que corrompeu agentes públicos, seus dirigentes foram presos e muito dinheiro foi devolvido.  Mas o Brasil é assim, com uma  surpreendente capacidade  de andar para trás…

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.