Jordana está sendo julgada por ser mulher
A polícia concluiu o inquérito que aponta os supostos autores da morte do sargento Lucas Gonçalves. Um marido traído a pretexto de que encontraria descanso das "humilhações" que a mulher teria provocado à sua honra aparece como um dos mandantes do crime. E Jordana, está sendo apontada por ter cometido quais crimes? Ter amado outro homem?
Sustentar que agiu em concurso querendo o mesmo fim do amante é cruel. Jordana está sendo julgada por ser mulher. E isso é grave. Na verdade, Jordana não passa de uma vítima da falta de estrutura emocional e da irracionalidade do marido.
Nos autos, há trocas de mensagens entre Jordana e Lucas, ambos temendo que o pior poderia acontecer. Há ainda um lado desconhecido, mas perceptível: de humilhação, espancamentos, privações dentro de casa, ameaças. Não, Jordana não é cúmplice. É tão vítima quanto Lucas.
O adultério há muitos anos foi banido como ilícito do Código Penal. Mas, e daí? Quantos não o praticam às escondidas, movidos por vários motivos? Talvez os mesmos de Jordana que encontrou o "amor" em outra pessoa.
É verdade que crimes contra a vida têm suas soluções no Tribunal do Júri, pois são os jurados que irão dizer se Jordana contribuiu diretamente para o delito, em suposto conluio com Joab, ou apenas foi alvo de atrocidades em casa, ameaças e irracionalidade do marido. Enquanto cativa e submissa dentro de casa, sob ameaças, ela já pagava um preço muito alto pela paixão proibida. E deve continuar a pagar à medida em que falsos moralistas usam as redes sociais para condená-la com a justificativa machista de que a fidelidade é um dever de mulher.
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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.