Governo tem projeto ruim para combater as facções
O projeto antifacção, apresentado pelo Ministério da Justiça é interessante. Mostra a preocupação do governo com o avanço das organizações criminosas no Brasil, mas de outro comete o deslize de propor aumento de penas sem indicar avanços na expansão e melhoria do sistema carcerário.
O domínio das facções começa exatamente nos presídios, onde presos são recrutados e os criminosos se organizam.
Os presídios têm dono e não é o estado brasileiro. São as facções.
O aumento das penas, além de não inibir as ações criminosas, cai como uma luva nos interesses das organizações, na medida em que haverá mais oferta de material humano para o exército de bandidos que controla grande parte das cidades brasileiras - a maioria egressa do sistema penitenciário.
O projeto parece ter sido feito no improviso, numa conversa de bar e anotado em lenço de papel.
Não é possível que o governo anuncie no seu projeto que policiais poderão se infiltrar nas organizações ou abrir empresas para vender, comprar, intermediar negócios com o crime.
Embora isso faça parte de um serviço de inteligência bem elaborado, os riscos de cooptação de agentes do estado pelo crime - em razão de lucros - é imenso.
Pior, o contribuinte vai bancar esses investimentos, supostamente para combater as organizações criminosas.
O projeto é ruim e pode lá frente se tornar um aliado daquilo que o governo pretende combater - as facções.
ASSUNTOS: facções, governo lula, Organizações Criminosas, presídios
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.