Governo do Rio mata, mas não devolve segurança nem mostra autoridade
A operação no Rio de Janeiro, com mais de sessenta mortos, não é prova de força. É o retrato da falência do Estado brasileiro. O governo, que por anos fechou os olhos para o avanço do crime, agora reage com uma operação cruel e desumana, que espalha sangue e medo, mas não devolve segurança nem autoridade. O Estado mata para esconder que já não governa.
Por décadas, o poder público abandonou as comunidades. Deixou que o crime se organizasse, criasse leis próprias, impusesse sua ordem e sua economia. Quando decide agir, não entra como Estado, mas como invasor. É uma guerra dentro do país, sem estratégia, sem inteligência e sem justiça — apenas tiros e cadáveres.
Na Amazônia, o mesmo cenário se repete. Em cidades como Itacoatiara, o crime domina os rios, assalta balsas e controla o comércio. Dentro dos presídios, as facções dão ordens, organizam ataques e movimentam dinheiro, enquanto o governo finge administrar. O Estado perdeu o controle: o crime manda dentro e fora das prisões.
A violência policial e o poder do tráfico são sintomas do mesmo mal — a omissão do Estado. Quando o governo reage com brutalidade, confessa sua própria falência. Nenhum blindado, drone ou fuzil substitui escola, saúde e dignidade.
A verdade é simples e dura: o Brasil está há um passo da guerra, porque o Estado desistiu da paz.
ASSUNTOS: `Prisões, Guerra ao CV, violência no Rio
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.