Ele é um cara diferente dos outros caras e até de alguns de nós. E você o conhece
Um olhar no espelho e o rosto que não conhecemos mais. Nos perfis que criamos somos o outro, o que ficou no passado e ressuscitamos em meio a filtros no presente. As marcas do tempo desaparecem até nos defrontarmos com a realidade, com alguém inoportuno que chega e diz: "você é tão diferente!"
Se a tecnologia nos renova aparentemente, ela não resgata a juventude perdida, nem engana o espelho.
Não dá para parar o tempo, mas dá para parar de tentar perpetuar uma beleza e uma juventude que não temos mais.
Somos, nesse aspecto, parecidos com os políticos que criticamos por fingirem ser o que não são. Por estarem sempre à margem do abismo para o qual nos empurram, por venderem ilusões que compramos ingenuamente. Há exceções, é verdade, e vamos falar especialmente de uma.
Essa ideia de que o envelhecimento é feio é terrível, porque menospreza a sabedoria, o conhecimento, o mundo que conhecemos com suas asperezas e suas virtudes, e que só existe porque pessoas sábias, que envelheceram ajudariam a mantê-lo, ajudaram a fazer a história do nosso tempo.
Hoje, por reconhecer que o homem que todos conhecem faz 82 anos e se envaidece da idade, que compartilhou ideias, ajudou a edificar sonhos, planejou o Estado para os próximos anos, está entre nós; o homem que envelheceu acompanhando o mundo se transformar, é lembrado pelo que produziu, pelo que criou e pelo que pode ainda oferecer para transformar a vida das pessoas e do Estado, enviamos um forte abraço a Amazonino Mendes.
Para nós não importa o que digam dele - e podem dizer tudo, menos apagar suas realizações, o legado de seus governos.
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.