Compartilhe este texto

Águas de Manaus falha, tubulação estoura e cidade continua maltratada


Por Raimundo de Holanda

02/10/2025 19h13 — em
Bastidores da Política



O  rompimento de um tubo na mesma área do sistema de esgoto instalado recentemente pela concessionária Águas de Manaus, no bairro do Japiim, não é apenas um acidente urbano. É sintoma de um modelo de execução de obras que desconsidera a responsabilidade técnica, a transparência e o zelo pelo dinheiro público. 

A concessionária pode alegar que o rompimento é outro, de tubo que alimenta o sistema de água de uma  residência, mas está na  mesma vala onde foram colocadas tubulações para esgotamento sanitário. 

Essa mistura, se existe, é toxica e viola um principio básico de saúde pública, que o alegado saneamento supostamente pretenderia corrigir.

A água que jorra do esgoto, em imagens que viralizaram nas redes sociais, é metáfora eloquente da desorganização urbana: investimentos que não resistem ao primeiro teste de uso, contratos de concessão sem rigor no cumprimento de cláusulas e órgãos de controle ainda tímidos na cobrança da responsabilidade civil e administrativa.

Não se trata de episódio isolado: a recorrência desses problemas sugere não apenas ausência de fiscalização efetiva, mas também tolerância dos órgãos de controle com serviços mal executados, que envolvem recursos públicos vultosos. 

A passividade do Ministério Público do Amazonas e da Defensoria Pública, que sequer se manifestaram sobre denúncias feitas pela própria população, é exemplo eloquente de uma omissão institucional que acaba por legitimar a precariedade com que a empresa atua na cidade.

 Enquanto isso, a concessionária segue faturando alto em contratos que drenam recursos do Estado e do Município.

É tempo de rever a lógica da “obra entregue”. O que importa não é a placa inaugural, mas a durabilidade e a efetividade do serviço. 

Ao cidadão, pouco interessa o cronograma anunciado: interessa que a rede funcione, que a rua não se desfaça em crateras, que o esgoto cumpra sua função sanitária. A banalização do improviso não pode ser o padrão de um serviço público essencial.

Siga-nos no

ASSUNTOS: Águas de Manaus

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.