Abusos da 'Águas de Manaus' e a passividade dos órgãos de controle
- O Ministério Público e a Defensoria Pública não podem seguir na sombra, limitados a notas técnicas ou discursos protocolares.
- É hora de romper com a comodidade, abandonar a neutralidade confortável e assumir de frente a defesa da cidade.
- Cada dia de silêncio institucional é mais um dia em que Manaus sangra sob crateras abertas, respira poeira, paga por esgoto que não existe e sofre com a água que não chega.
- A omissão do MP e da Defensoria Pública já não é apenas passividade: começa a parecer conivência com o abuso.
A Águas de Manaus tem imposto à capital amazonense um acúmulo de violações que não podem mais ser tratados como fatos corriqueiros. O básico — água limpa na torneira, ruas transitáveis, silêncio respeitado, saúde garantida — está sendo negado dia após dia. Sob a responsabilidade da concessionária, a cidade virou palco de crateras mal fechadas, trânsito travado, barulho que não cessa e bairros inteiros sem abastecimento de água por até oito dias, mesmo com as contas pagas em dia.
Não estamos diante de simples falhas de gestão, mas de ataques diretos a direitos que deveriam estar protegidos. O direito ao meio ambiente equilibrado, à saúde, ao consumo justo, à mobilidade urbana e à própria dignidade humana estão sendo deixados de lado pela concessionária de água. E o que mais espanta é o silêncio das instituições.
O Ministério Público e a Defensoria Pública não podem seguir na sombra, limitados a notas técnicas ou discursos protocolares. É hora de romper com a comodidade, abandonar a neutralidade confortável e assumir de frente a defesa da cidade. Cada dia de silêncio institucional é mais um dia em que Manaus sangra sob crateras abertas, respira poeira, paga por esgoto que não existe e sofre com a água que não chega. A omissão já não é apenas passividade: começa a parecer conivência com o abuso.
O recado da população já é claro: não aguenta mais. Não suporta as crateras que destroem as ruas, não suporta a água que some por dias, não suporta pagar caro por um serviço que não recebe.
O silêncio das instituições rompe com a noção de dever que lhes cabe: a defesa incondicional dos direitos que cada cidadão possui. Deixar a população ao relento não é opção; é negar a própria razão de existir do Ministério Público e da Defensoria. É hora de agir, porque a cidade não pode mais esperar.
ASSUNTOS: Águas de Manaus, defensoria pública, ministério público, MPAM
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.