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ZFM: símbolo de desenvolvimento ou atraso?


Por Raimundo de Holanda

14/12/2025 19h40 — em
Bastidores da Política


  • Em vez de enfrentar o isolamento secular da região, o país preferiu um atalho: a Zona Franca de Manaus. O modelo nasceu como medida compensatória, não como estratégia de desenvolvimento profundo.
  • A renúncia fiscal ocupou o espaço onde deveria ter existido infraestrutura, logística, conectividade e políticas de Estado.

O Amazonas permanece dependente de um único arranjo econômico porque o país nunca enfrentou o problema real: a ausência de integração nacional. A Zona Franca não combateu o isolamento — acomodou o Brasil a conviver com ele. 

O interior continua abandonado, o investimento público segue concentrado e o Estado ainda “mendiga” prorrogações de um modelo que não gera autonomia. Enquanto outras regiões se modernizaram com portos, ferrovias e polos logísticos, o  Amazonas ficou preso a um desenho econômico pensado para empatar urgências, não para construir futuro.

Esse vazio estrutural abriu espaço para algo que cresce exatamente onde o Estado recua: o crime organizado. Facções que perderam terreno nos grandes centros migraram para a Amazônia porque perceberam o que governos ignoraram por décadas — a região é o maior território sem Estado efetivo no Brasil. 

Rios com fiscalização precária, fronteiras expostas, cidades vulneráveis e ausência de presença policial contínua criaram o ambiente perfeito para rotas ilegais de madeira, drogas, ouro e armas. Em muitos municípios, o crime ocupa o papel que o Estado jamais assumiu.

O resultado é um paradoxo: o país discursa em conferências internacionais sobre liderança ambiental e bioeconomia, mas não entrega o essencial para que a própria Amazônia ( e o Amazonas)  possa se desenvolver. 

 

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ASSUNTOS: Amazônia, ZFM, ZONA FRANCA DE MANAUS

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.