Artur compara Suframa a um barco prestes a naufragar
Em artigo, prefeito de Manaus chama a atenção para o momento crítico vivido pela Zona Franca e critica movimento para nomear "não técnicos'' em sua direção. Leia na íntegra:
A situação da Suframa se precariza cada dia mais. Gustavo Igrejas, atual superintendente, é técnico preparado para conduzir a nau em risco pelos mares tormentosos do momento. Ele ou outra pessoa de idêntico perfil. "Solução" política só agravará o quadro. Não cabem as disputas provincianas, que apenas servem para demonstrações inúteis de força. O modelo vitorioso da Zona Franca está em cheque.
Cansei de dizer, da tribuna do Senado, em jornais do Amazonas e de todo o Brasil, nas rádios, em blogs, sites e portais, no facebook, no twitter, que a prorrogação do tempo de validade dos incentivos fiscais eram vitais para a sobrevivência imediata do modelo, mas que a prorrogação, sozinha, seria insuficiente para garantir competitividade para os nossos produtos. A infraestrutura é deficiente e caótica: Manaus não tem um porto à altura das exigências do seu polo industrial; não há hidrovias, a telefonia celular e a internet funcionam mal, a BR-319 não sai do papel e dos preciosismos ideológicos.
E não se trabalha seriamente P&D (pesquisa e desenvolvimento). Não se investe em inovação tecnológica nem em qualificação de mão de obra. Os governos Lula e Dilma encontraram pronto o Centro de Biotecnologia da Amazônia e permitiram q essa chave do tesouro virasse um elefante branco. Pena, porque a conjugação das riquezas da biodiversidade com os incentivos fiscais da ZFM resultaria em redução de custos e, portanto, numa competitividade maior do Pólo Industrial de Manaus. Hoje, a importação de insumos, partes e peças do exterior, com o dólar em torno dos R$ 3,00, nos indicam o caminho da inviabilidade e da estagnação. A ZFM vive dilema dramático. Precisa ser preparada para exportar; e tal não acontecerá se as mesmas mudanças exigidas para seu próprio equilíbrio interno não vierem à luz.
É hora de o Amazonas se unir, buscando, de início, os aliados naturais da ZFM: Acre, Roraima, Rondônia e Amapá. A seguir, o Norte e a Amazônia inteira, o Nordeste, o Sul, o Leste e o Centro-Oeste. Sem partidarismos. Sem gestos que desunam, ao invés de unir. A Suframa, patrimônio valioso de um país que não a conhece e nem a reconhece bem, está na UTI. Falida, mal pagando suas contas de luz, gás, telefone e a folha de um pessoal preparado, que encarna o espírito do órgão, sonha com um futuro brilhante, mas esbarra na mediocridade, na má fé, na incompetência e no oportunismo de quem confunde eternamente a luta por desenvolvimento com o fato eleitoral. Pena mesmo! A questão técnica deixada de lado pela vontade de ostentar um poder que não serve para nada produtivo ou confessável.
A crise recessiva, fruto das reformas estruturais que Lula não empreendeu e dos sucessivos erros de política econômica perpetrados pela dupla Dilma Rousseff-Guido Mantega, atinge em cheio o Amazonas e sua economia, precisamente porque atinge em cheio a Zona Franca e suas fragilidades. É momento de todos ajudarem. O desemprego, que se alastra dolorosamente, é a face mais pungente do naufrágio em curso. Todos podem fazer alguma coisa. Até quem esteja no jogo da política pequena pode prestar um bom serviço aos amazonenses e aos brasileiros de outros estados que vivem conosco os mesmo sonhos, sofrimentos, derrotas e vitórias, recuos e conquistas. Basta passarem a pensar no Amazonas e não em si próprios. Com obstinação e seriedade, todos de pé pelo Polo Industrial de Manaus.
Arthur Virgílio Neto, prefeito de Manaus

ASSUNTOS: Amazonas