Manaus/AM - Antes da operação Custo Político, o ex-secretário da Sefaz Afonso Lobo já estava sendo investigado pela Polícia Federal após denúncia de que o ex-gestor pediu propina para liberar pagamentos a fornecedores do Estado.

No inquérito aberto pela PF para investigar a denúncia, consta um vídeo de uma audiência pública realizada pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) em  2014, onde o representante comercial da empresa Gazin Indústria e Comércio de Móveis e Eletrodomésticos afirmou que Lobo pediu 10% das notas fiscais para liberar os recursos financeiros. A empresa tinha um contrato de R$ 4,1 milhões com a Secretaria de Estado da Educação(Seduc) para fornecer 2.410 aparelhos de ar-condicionado.

“Nós da Gazin, assim como outras empresas, estamos tendo dificuldade para receber do governo do Estado do Amazonas. Eles já estão com recurso disponível, deram uma lista de burocracias para podermos cumprir. Tudo foi cumprido. Mas foi solicitado pelo secretário de Fazenda, antes do período eleitoral, do primeiro turno, que fosse feito um repasse de 10% das nossas notas para poder eles liberarem o pagamento. Como ninguém topou a exigência dele, não saiu o pagamento”, disse.

Ainda segundo o representante, ele falou com uma pessoa que se apresentou como assessor do governador, mas nada foi feito. “É por falta de tempo e autorização, pois, por mim, eu teria ido na Polícia Federal, e todo mundo estaria preso, pois esse tipo de coisa não acontece todos dias. Um secretário de Fazenda estar fazendo esse tipo de exigência”, ressaltou.

Em nota, a Sefaz informou que abriu uma sindicância na última segunda-feira(22) para apurar a responsabilidade de Afonso Lobo, no caso. Além disso, o órgão também vai solicitar informações do Ministério Público Federal e PF sobre funcionários que estariam envolvidos no esquema.

Preso na operação ‘Custo Político’

Afonso Lobo foi preso na operação da PF acusado de receber propina de Mouhamad Moustáfá para agilizar a liberação de pagamentos para o Instituto Novos Caminhos e as outras empresas administradas por ele.

O ex-secretário da Sefaz foi preso em dezembro do ano passado, mas teve sua prisão convertida em domiciliar na última quarta-feira(24).