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Lula cita 'comício' ao inaugurar obra, enfrenta protesto pelo 2º dia e elogia direito de reclamar

Por Folha de São Paulo

25/05/2024 14h48 — em
Política



SÃO PAULO, SP, E BRASÍLIA, DF (FOLHAPORESS) - O presidente Lula (PT) participou neste sábado (25) da inauguração de obras viárias na rodovia Presidente Dutra, em Guarulhos (Grande SP), e pelo segundo dia consecutivo enfrentou protesto em um evento oficial.

O mandatário dividiu palanque com o deputado federal Alencar Santana, pré-candidato do PT à Prefeitura de Guarulhos, e elogiou o direito de um grupo de professores e estudantes universitários de se manifestar na cerimônia que ele chamou de "comício do Lula".

"Eu estou vendo alguns companheiros levantando cartazes ali pra mim 'estamos de greve'. Que bom que vocês podem vir num comício do Lula e levantar um cartaz dizendo que estão em greve. Que bom. Que maravilha que é garantir o direito democrático de as pessoas lutarem, reivindicarem e chegarem a um acordo no momento correto", afirmou Lula.

"Porque há pouco tempo atrás os estudantes não podiam protestar, os professores não podiam reivindicar, os reitores não podiam reclamar e o governo não estava disposto a negociar. Agora, não. Agora vocês têm o direito de protestar, de levantar cartaz e levar faixa, porque nosso governo é democrático e o nosso governo sabe lidar com as diferenças e sabe lidar com as contradições", completou Lula.

No local, manifestantes ligados à Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e ao Instituto Federal levantavam cartazes sobre a greve em universidades federais. Estavam presentes estudantes, técnicos administrativos da educação e professores das instituições.

Enquanto apoiadores do governo gritavam "Lula guerreiro do povo brasileiro", outro grupo dizia: "A nossa luta é todo dia, educação não é mercadoria".

Na sexta-feira (24), em Araraquara, Lula assistiu a um protesto de professores contra a interrupção pelo governo federal da negociação por reajuste salarial.

Cerca de 40 professores protestavam um dia após o governo federal rechaçar a continuidade às negociações por reajuste salarial dos professores federais. O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos exigiu a assinatura de um acordo até segunda-feira (27).

Neste sábado, em Guarulhos, Jandui Amorim, do Instituto Federal de São Paulo, afirmou que a intenção era entregar uma carta com reivindicações para Lula. "Não estamos contentes com o comportamento e com os resultados que estamos tendo com relação ao negociador do governo", afirmou.

"A proposta do governo continua sendo zero de aumento para este ano. A gente já esteve duas vezes em Brasília em manifestações. Agora, os estudantes e os servidores estão na marcação para exigir que Lula assuma as negociações", disse Sidnei Roberto Nobre Júnior, do Instituto Federal de Itaquaquecetuba (SP).

Há quase dois meses servidores públicos federais estão em greve reivindicando reajuste salarial. Professores de universidades, centros de educação tecnológica e institutos federais das cinco regiões do país iniciaram a greve no dia 15 de abril. Além da recomposição salarial, eles exigem investimentos nas instituições diante do que chamam de sucateamento promovido pelo governo Jair Bolsonaro (PL).

Em entrevista à Folha de S.Paulo, a reitora da Unifesp, Raiane Assumpção, disse que a instituição enfrenta problemas financeiros e que, com o orçamento atual, a universidade só consegue funcionar até setembro deste ano.

O evento deste sábado com Lula também teve a presença no palanque de quatro ministros do governo: Geraldo Alckmin (que, além de vice-presidente, é titular da pasta de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços); Renan Filho (Transportes), Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar).

Pré-candidato do PT à Prefeitura de Guarulhos, segunda cidade mais populosa do estado de São Paulo, Alencar Santana discursou e foi celebrado no palco por outros ministros de Lula.

O presidente se tornou alvo de pedido de multa de R$ 25 mil pelo Ministério Público Eleitoral por propaganda antecipada com pedido de voto a Guilherme Boulos (PSOL) no evento do 1º de Maio na capital paulista.

Dias antes da inauguração da obra em Guarulhos, houve um mal-estar nos bastidores entre Lula e o grupo político do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos).

O governador de São Paulo, adversário político do PT e aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi convidado para o evento e incluído inicialmente no material de divulgação da Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência). No entanto, respondeu ao governo Lula que não poderia comparecer.

No discurso deste sábado, o presidente não fez nenhuma menção ao governador.

Aliados de Tarcísio acusam nos bastidores o governo Lula de buscar ofuscá-lo durante a inauguração de uma obra realizada com leilão conduzido por ele próprio, quando era ministro da Infraestrutura.

Eles afirmam ainda que o convite foi feito de última hora, chegando ao Palácio dos Bandeirantes apenas na quarta-feira (22). Ele teria alegado outros compromissos para recusar a proposta.

O ministro Alexandre Padilha negou a existência de mal-estar entre Tarcísio e o governo Lula.

"A definição da agenda foi na quarta-feira e o convite foi de imediato. Não só aqui para esse evento como também para o evento de ontem, obra importante em Araraquara", disse. "Nos sempre convidaremos. Tem uma música do Domenico que ele fala assim: ‘te convidamos para o samba, você não foi e eu vou te esquecer’. Vamos esquecer que [Tarcísio] não veio, mas nós vamos continuar convidando para o samba."

Padilha afirmou que a época de conflitos no terceiro andar do Palácio do Planalto acabou. "O presidente Lula assumiu o governo e desligou aquela máquina de conflito."

Ao fim do evento em Guarulhos, Lula voltou a criticar o governo israelense por sua campanha militar na Faixa de Gaza. "Quero pedir para vocês solidariedade às mulheres e crianças que estão morrendo na Palestina por conta da irresponsabilidade do governo de Israel."

A cerimônia na Grande SP inaugurou duas obras a cargo da concessionária CCR RioSP: o novo trevo Jacu-Pêssego, no km 213, e a pista marginal, sentido São Paulo, entre o km 209,5 e km 211,8 da rodovia Dutra.

Além destas obras, estão também no pacote a ampliação da pista expressa, novos viadutos ligando à via Dutra as rodovias Fernão Dias e a Hélio Smidt, principal acesso ao aeroporto internacional de Guarulhos, e um novo acesso da Dutra à ponte do Tatuapé. O investimento total da concessionária foi de R$ 1,4 bilhão.

O objetivo das obras é melhorar o tráfego da rodovia que recebe cerca de 350 mil veículos por dia. Será também uma opção para os motoristas que usam o trevo de Bonsucesso, que historicamente sofre com engarrafamentos.


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