Após dois meses de bloqueio, caminhões com ajuda humanitária começaram a entrar na Faixa de Gaza nesta quinta-feira (22), permitindo que algumas padarias retomassem a produção de pão. A ONU informou que “algumas” padarias apoiadas por sua agência de alimentos voltaram a funcionar no sul e centro do território. A distribuição de farinha e outros suprimentos é vista como essencial para evitar a fome generalizada entre os 2,3 milhões de palestinos que vivem na região.

Na padaria Deir al-Balah, no centro de Gaza, palestinos retomaram a produção de pães, que são embalados e distribuídos à população. Segundo a ONU, cerca de 90 caminhões com mantimentos conseguiram entrar no território. O padeiro Ahmed Al-Banna relatou que a farinha enviada pelo Programa Mundial de Alimentos permitiu a retomada imediata do trabalho e espera que outras padarias, especialmente no norte de Gaza, também consigam reabrir.

Apesar do avanço, a ONU e organizações humanitárias afirmam que a ajuda ainda é “uma gota em um oceano”, diante da grave crise humanitária provocada pela guerra entre Israel e o grupo Hamas. O Ministério da Saúde da Autoridade Nacional Palestina informou que 29 crianças morreram de fome recentemente, e a ONU registrou longas filas de pessoas, principalmente crianças, aguardando comida na Cidade de Gaza.

Israel anunciou a autorização da entrada de cerca de 200 caminhões nos últimos dias, mas a ONU denuncia que o bloqueio ainda impede que os suprimentos cheguem a quem mais precisa. Enquanto isso, moradores relatam temer mais a fome do que os bombardeios. “Meus filhos vão dormir com fome todos os dias. Não queremos mais promessas, queremos viver”, afirmou Omar Salem, que vive em um campo de deslocados no sul de Gaza.