Maioria das armas apreendidas em Goiás tem origem nacional e calibre curto
BRASÍLIA. Sete em cada dez armas apreendidas pela polícia no estado de Goiás são de calibre curto, uso permitido (não restrito) e fabricação brasileira. Os dados fazem parte de estudo do Instituto Sou da Paz em parceria com a Secretaria de Segurança Pública goiana que analisou 5.186 armas envolvidas em crimes entre julho de 2016 e julho de 2017. Os resultados serão divulgados na manhã desta quinta-feira em Goiânia.
Para o gerente do Instituto Sou da Paz, Bruno Langeani, a nacionalidade brasileira de mais exatamente 70,6% das armas reforçam a necessidade de um maior controle do mercado interno e desmistifica a ideia de que a arma do crime vem do exterior. Ao mesmo tempo, ter 21,3% de peças de calibre longo, portanto a minoria, aplaca em parte a sensação de que os delitos são praticados com armamento pesado, superior ao poder de fogo do Estado.
— Os dados nos mostram que temos que olhar mais para as fronteiras dos estados do que ficar falando do Paraguai. Claro que existe tráfico internacional, mas os dados apontam que a arma usada para delinquir é nacional e de baixo calibre. Mais da metade do que foi apreendido em Goiás é revólver_ diz Langeani.
Entre as armas apreendidas de calibre longo, que têm maior poder de destruição, estão 798 espingardas, 204 carabinas, 69 rifles, 14 submetralhadoras e 22 fuzis. Juntas, elas somam 21,3% do material analisado. As de calibre curto -- 2.738 revólveres, 839 pistolas e 195 garruchas -- correspondem a 72,8%. Para o restante, 5,9%, não há informação.
Depois do Brasil, origem de 70,6% das armas apreendidas, vêm os Estados Unidos, com 5%. Os demais países fabricantes, como Argentina e Itália, respondem por menos de 1% do material analisado no levantamento. Onze por cento aparecem sem informação sobre a nacionalidade.
Os pesquisadores encontraram 2 mil armas com numeração de série preservada, sendo que 70% delas foram fabricadas antes de 2003, quando a atual Lei do Desarmamento entrou em vigor. Para Langeani, o dado sugere que na política anterior, mais branda em relação ao acesso e à circulação de armas, os desvios eram maiores.
_A arma é um bem com duração longa de vida útil, então ainda estamos arcando com os custos da falta de controle de décadas atrás_ diz o representante do Instituto Sou da Paz.
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