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General diz que decisão de não prender manifestantes foi conjunta com ministros de Lula

Por Portal Do Holanda

22/05/2025 10h09 — em
Brasil


Foto: Ten. Ferrentini/Comando Militar do Leste

O ex-comandante do Exército, general Júlio César de Arruda, afirmou nesta quinta-feira (22) que a decisão de não permitir a prisão imediata dos manifestantes acampados em frente ao Quartel-General do Exército, em Brasília, no dia 8 de janeiro, foi tomada em conjunto com ministros do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Arruda prestou depoimento como testemunha de defesa do tenente-coronel Mauro Cid e do ex-presidente Jair Bolsonaro na ação penal que investiga a tentativa de golpe para manter Bolsonaro no poder.

Durante o interrogatório, o general foi questionado pelo ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), sobre o descumprimento da ordem judicial que determinava a prisão imediata dos manifestantes. Arruda justificou que agiu para acalmar o clima tenso no local e afirmou que a decisão foi coordenada com os ministros Flávio Dino (Justiça), Rui Costa (Casa Civil) e José Múcio (Defesa), além de outros oficiais. A prisão só foi cumprida na manhã da segunda-feira seguinte.

"Já respondi isso aí nas minhas declarações à Polícia Federal, vou repetir exatamente. Ali estava um clima de nervosismo, o senhor sabe disso, o senhor sabe bem disso, e minha função era acalmar. Então, eu falei 'isso aí tem que ser feito de maneira coordenada. Vamos fazer isso aí de forma coordenada. [...] E foi feito de maneira coordenada, como eu disse, de acordo com o ministro da Justiça na época, o ministro Flávio Dino, o ministro Rui Costa e o Ministro José Múcio, eu e o coronel Ruta. Foi decidido ali o que fazer. Então a minha função ali foi acalmar, porque até então e graças a deus não teve nenhuma morte".

O militar evitou comentar algumas questões polêmicas, usando a expressão “não lembro” em diversas respostas. Ao ser questionado sobre o motivo de sua demissão no início do governo Lula, disse que essa pergunta deveria ser dirigida a quem o nomeou e exonerou. Arruda também afirmou que a transição entre os governos Bolsonaro e Lula no comando do Exército ocorreu de forma normal.

A assessoria de comunicação do STF e dos ministérios envolvidos informou que não vão se manifestar sobre o depoimento. Durante o interrogatório, Arruda negou ter impedido a entrada da polícia no acampamento, mas disse que o cumprimento da ordem precisava ser feito de forma coordenada para evitar mais conflitos e eventuais mortes.

"Eu não neguei [ingresso da polícia]. Nessa noite, quando começou a acontecer aquilo tudo, eu fui pro QG às duas da tarde. Fui coordenar as ações. [...] Acompanhamos os acontecimentos e lá pela noite, quando parte dos manifestantes estava voltando para a Praça dos Cristais, o general Dutra me ligou e disse que a polícia estava vindo aqui e eu tenho a informação de que iam prender todo mundo. E eu disse 'não', isso teria que ser coordenado, acha o interventor", disse. 


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