Áudios de PF revelam que trama golpista seguiu até véspera da posse de Lula; ouça
Áudios obtidos pela Polícia Federal mostram que a tentativa de golpe de Estado articulada por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) seguiu ativa até a antevéspera da posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 1º de janeiro de 2023. Em uma conversa gravada no dia 29 de dezembro de 2022, o agente da Polícia Federal Wladimir Matos Soares, preso por participar do núcleo operacional da trama, lamenta o que chamou de "recuo" de Bolsonaro.
No diálogo, Soares afirma que o ex-presidente teria desistido da ação. "O presidente deu para trás", diz. Quando o interlocutor questiona se a possibilidade de golpe era real, ele responde: "Até ontem!".
A gravação também menciona a saída da então primeira-dama Michelle Bolsonaro do Brasil em 28 de dezembro. Jair Bolsonaro embarcou para os Estados Unidos no dia seguinte, véspera da posse de Lula.
Segundo integrantes do Supremo Tribunal Federal (STF), as gravações têm impacto político mais significativo do que jurídico, já que reforçam provas anteriormente apresentadas pela PF. De acordo com os investigadores, agentes de segurança e membros do governo Bolsonaro debateram, inclusive com o próprio ex-presidente, a execução do golpe.
Além de destacar o papel de Wladimir Soares, agente da PF há 22 anos, as gravações também aumentam a pressão sobre figuras políticas ligadas à articulação golpista. Uma delas é o deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Conversas sobre o plano ocorreram enquanto Ramagem comandava a agência, envolvendo servidores sob seu comando direto.
Veja também

ASSUNTOS: Brasil