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Um projeto autoritário de poder que ameaça a democracia no Brasil


Por Raimundo de Holanda

02/05/2023 20h44 — em
Bastidores da Política



 

O projeto das fake news  foi retirado de pauta para “adaptações” pela Câmara dos Deputados, mas o debate público, que ocorria nas redes sociais, foi abruptamente censurado. Parece evidente que as posições assumidas pelos principais provedores de dados compartilhados, entre eles Google, Meta, Sportify e Brasil Paralelo são legítimas.  E partes interessadas no debate do qual são excluídos por decisão do Supremo Tribunal Federal. Ou não é censura a medida tomada pelo ministro Alexandre de Moraes para que excluam postagens em defesa de uma narrativa mais próxima da liberdade e da democracia - a de que o projeto cerceia o direito à livre manifestação do pensamento e coloca amarras na Internet?

Os deputados apresentaram um projeto de censura que vale para todos, menos para eles, que mantiveram o que “chamam de imunidade  parlamentar nas redes sociais”, um eufemismo para manter as mentiras que contam, as acusações falsas que fazem a adversários, as promessas sem fundamentos que iludem os eleitores.

É verdade que existe muito lixo nas redes sociais, mas tratar tudo o que desagrada ao poder político como fake news é também uma  forma canhestra de atentar contra a democracia.

Por que o projeto conta com apoio maciço da chamada imprensa profissional? Porque a redes sociais minaram o poder que tinham: o faturamento dos jornais caiu e os leitores desapareceram. 

A TV aberta perdeu audiência com o aparecimento dos aplicativos de celular - Instagram,Tik Tok. Quantos brasileiros ficam hoje na sala de casa assistindo ao Jornal Nacional, da Rede Globo? Um terço dos que assistiam o mesmo jornal  5 anos atrás.

A mentira sempre existiu, inclusive na imprensa profissional. Lembram do caso da Escola Base em São Paulo, ou do escândalo das bicicletas envolvendo o ex-ministro Alceni Guerra, também muito explorado pela Globo e depois comprovado que tudo fora uma farsa, fabricada não se sabe por quem?  Uma mentira que custou uma carreira e uma vida. 

O “jornalismo profissional” tem um passivo de mentiras que não o credencia a atacar os provedores de conteúdo na internet, nem se julgar dono da verdade factual.

O risco de um projeto desses é descambar numa censura geral. 

É importante que o Congresso Nacional pise no freio e dê vazão ao debate público. Não pode haver concessões quando por trás de algumas ideias travestidas de “democratização e responsabilidade das redes sociais” se esconde um projeto autoritário de poder. O povo precisa ser ouvido e dizer o que pensa.  

 

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ASSUNTOS: Alexandre de moraes, democracia no brasil, Google, Meta, projeto das fake news, Sportify

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.