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A quantidade de fezes que chega ao Rio Negro


Por Raimundo de Holanda

17/10/2023 19h34 — em
Bastidores da Política


  • O Rio Negro, doente, é o mesmo de onde é captada a água servida à população. Dizer que o processo de retirada de impurezas da água pela empresa concessionária é de 100% é absurdamente duvidoso.
  • Pode até ocorrer, mas não no nível divulgado, especialmente em um momento em que o rio, convalescente, pede socorro.

Quando o Rio Negro desceu ao seu nível mais abaixo revelou pecados que os habitantes de Manaus cometem todos os dias. Uma montanha de garrafas, esqueletos de geladeiras, fogões, carros, vasos sanitários. Quanto mais é retirado, mais aparece, como se o rio, que expôs suas entranhas, quisesse denunciar uma agressão permanente. Mostra o que pode, porque o efluente sanitário que chega até a bacia do rio é invisível, altamente poluente e uma ameaça à  saúde da população.

Há coliformes fecais em abundância (merda mesmo, cerca de 10 toneladas) levados até o Rio Negro pelos igarapés que servem de esgotos a céu aberto. Com o volume dágua insuficiente, a capacidade de diluir ou reciclar tudo isso é pequena. Na prática, a continuar a seca, o Rio Negro pode ser virtualmente contaminado por fezes.

É o troco. O rio, doente, é o mesmo de onde é captada a água servida à população. Dizer que o processo de retirada de impurezas da água pela empresa concessionária  é de 100% é absurdamente duvidoso.

Pode até ocorrer, mas não no  nível divulgado, especialmente em um momento em que o rio, convalescente, pede socorro.

Em meio a tudo isso, político tirando proveito da seca e da miséria da população.

É até exemplar recolher lixo em saco plástico  com um exército de cabos eleitorais. Mas a Prefeitura está fazendo esse serviço de forma profissional.  

Pensar em  eleição neste momento é criminoso. Desabrigados precisam de pão, de moradia. Os parlamentares podem fazer muito, sem fazer política baixa,  que visa as câmeras de tv e o proveito eleitoral que daí deriva..

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ASSUNTOS: Amazonas, fezes, Manaus, rio negro, seca

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.