Pesquisa IPEA sobre homicídios no Amazonas pulou etapas
Apesar do Fórum Brasileiro de Segurança Pública registrar um crescimento do número de homicídios no Amazonas em 2023, não foram as mulheres os principais alvos. A maioria das vítimas é constituída por homens, numa proporção de 100 para 1.
Mesmo assim, a imprensa destacou mais o assassinato de 122 mulheres no mesmo período, sem destacar que as vítimas do sexo masculino somaram 1.400.
O estudo, realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), avaliou também a violência doméstica, mas não foi no cerne do problema do assassinato crescente de mulheres, agora mais utilizadas pelo crime organizado, algumas liderando facções.
Há um outro fator que passa ao largo dessas análises, embora muito sérias, mas com vácuos que precisam ser preenchidos num próximo estudo: o Amazonas possui uma população de maioria feminina e, portanto, a violência não escolhe sexo, quando é o crime organizado que está por trás dos homicídios.
A imprensa profissional erra ao aceitar, sem questionamento, números apresentados por pesquisas, ainda que sérias e de entidades idôneas. Sempre há lacunas e espaço para questionamentos.
Por exemplo, ao citar que pardos e negros são as maiores vítimas, é preciso considerar que 70% da população do Estado do Amazonas se considera parda, contra 120 mil que se assumem como negros.
São questões que precisam ser consideradas em qualquer pesquisa.
ASSUNTOS: homicídios, Manaus, Pesquisa Ipea

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.