O poder no Brasil é do STF
Ao considerar aplicar sanções a ministros da Suprema Corte brasileira, os EUA atingem um dos pilares do governo do Brasil - um poder que tem a função de proteger a Constituição e, por tabela, a democracia.
Ao mirar metade dos ministros do Supremo, o governo americano desestabiliza o que ele diz defender: a estabilidade de governos com os quais mantém relação amistosa.
A questão é: por que os norte-americanos buscam meios de punir ministros do STF? Em parte porque a direita exerce forte pressão sobre o Congresso dos EUA e passa a impressão de que o governo no Brasil começa no STF, que decide tudo. Então, de fato governa.
Essa falta de presteza do Executivo e a inoperância do Congresso Nacional criaram um governo com característica judiciária, conferindo enorme autonomia ao tribunal.
É perceptível a fraqueza do governo Lula, que frequentemente recorre à corte para evitar o fracasso de medidas executivas importantes para o país.
De outro, há excessos por parte dos ministros, que acreditam ter poder ilimitado, o que contribui para a baixa aprovação do tribunal em pesquisas de opinião realizadas nos últimos meses.
Mudar esse quadro é complicado. O Executivo não funciona e o Congresso contribui muito pouco para o que de fato o País precisa: conciliação, entendimento.
Ninguém parece disposto a conciliar, a dar passos para construir pontes. E, como isso não vai acontecer tão cedo, o poder do martelo e do serrote é do Supremo.
Pelo menos os ministros não divergem, mesmo quando admitem que exageram...
ASSUNTOS: ATIVISMO DO STF, EUA

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.