Moraes flerta com o autoritarismo
Ainda que se reconheça o desrespeito de Bolsonaro à medida cautelar imposta por Alexandre de Moraes, o ministro, ao determinar sua prisão, normaliza o enfraquecimento de garantias fundamentais como ferramenta de contenção política.
Quando a repressão se sobrepõe à moderação e à previsibilidade, o risco não é apenas de ruptura — é de erosão contínua do espírito republicano.
A crítica não é à decisão de Moraes, mas ao seu padrão: punitivismo sem trânsito em julgado, sanções extrajudiciais, judicialização da política e politização da Corte Suprema.
A reação internacional, como a aplicação da Lei Magnitsky a Moraes pelos EUA, é sintoma disso, e poderá se agravar ainda mais.
É preciso lembrar: a democracia não é feita apenas de votos ou de julgamentos — é feita também de limites. E quando um poder se põe acima dos freios que estruturam a República, perde-se mais do que o equilíbrio. Perde-se a confiança pública na própria Justiça.
ASSUNTOS: Alexandre de Moraes, STF, Trump. Bolsonaro
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.