A madrugada de pesadelo do general Mansur
- Exonerado após ser preso na Operação Comboio, o general Carlos Mansur viu com certo assombro todos virarem as costas para ele - outra humilhação com a qual não contava sequer nos seus piores pesadelos…
Não ficou muito clara a participação do general Carlos Mansur nos desvios do aparato de segurança pública do Amazonas. Sua prisão, durante a “Operação Comboio” do Ministério Público Estadual e Polícia Federal, semana passada, pelo porte de arma sem registro, soa estranha - exatamente pela função que desempenhava. Um excesso, não porque o general merecia um tratamento que não é concedido aos demais cidadãos, mas a medida extrema poderia ter sido relevada pela autoridade policial. Afinal, se tratava do secretário de Segurança, alvo não de um mandado de prisão, mas de busca e apreensão.
Mansur foi logo liberado ao pagar fiança, mas sua imagem ficou irremediavelmente comprometida e todo um histórico de serviços prestados ao Exército brasileiro, especialmente, na Amazônia, maculado.
Exonerado, Mansur foi enxotado do governo do Amazonas com todos virando as costas para ele - outra humilhação com a qual não contava sequer nos seus piores pesadelos. Fora o fato de sua prisão ter provocado mal estar no Exército, por ser o primeiro general, ainda que na reserva, preso. No entender de algumas autoridades, houve “revanche” em momento especialmente crítico entre o governo federal e militares, com o país ainda dividido.
Pode-se acusar Mansur de omissão, especialmente ao fechar os olhos às atividades ilícitas de Victor Mansur, seu filho, com trânsito na pasta e fazendo negócios nebulosos que, por conexão, também o comprometiam.
Mas esse é um defeito dos pais e o caminho para a derrocada e tragédia familiares. Passar a mão na cabeça dos filhos é uma falha, que infelizmente todos cometemos. Mansur pode ter cometido aí o seu maior erro. Mas não merecia ter saído pela porta dos fundos, humilhado, empurrado no rumo da rua…
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.