Compartilhe este texto

Lula pisa na bola outra vez


Por Raimundo de Holanda

11/07/2025 19h07 — em
Bastidores da Política



É natural que os brasileiros reajam com indignação à tentativa de interferência de Donald Trump em decisões judiciais no Brasil. Mas Lula, que é o chefe de governo, não ajuda. Só pensa em sair do  corne no qual as pesquisas de opinião o colocaram nos últimos meses. Preferiu o caminho mais fácil e perigoso: insuflou a população a reagir em defesa de uma suposta soberania ameaçada.

Poderia ter respondido à carta enviada pelo presidente dos EUA, onde mistura economia com política, afirmando que o caso Bolsonaro está sendo julgado pelo STF  e que, num país em que os poderes são independentes, o Executivo não interfere. 

Poderia, ainda que saibamos não ser verdade, afirmar em resposta que todo o processo movido contra o ex-presidente é de conhecimento público e que foi dado a ele direito ao contraditório e a ampla defesa.

Mas por que deveria agir assim? Porque está lidando com um homem poderoso e instável - que já puniu juízes do Tribunal Penal Internacional e humilhou aliados.

Por mais que as tarifas em tese não prejudiquem tanto o Brasil, ter os EUA como um país hostil não é bom.

Mas Lula preferiu atear fogo numa questão que também é política, de relações entre governos.

Ao fazer chacota de Eduardo Bolsonaro, pisou escancaradamente e imprudentemente na bola, quando  afirma, em tom jocoso: "aquele sujeito mandou o filho, que era deputado, se afastar da Câmara para ir lá ficar pedindo: ‘Ô Trump, pelo amor de Deus, Trump, solta meu pai, não deixa meu pai ser preso’”.

“Vocês viram ontem o filho dele na internet, lendo a carta: ‘Ah, Trump, o Trump… fala que você não vai taxar se meu pai não for preso".

Esse é um jogo para o Brasil, de perde-perde. Nessa dinâmica de Lula, Trump não vai recuar.

O Brasil vai ficar cada vez menor no cenário internacional e terá que se contentar com aliados como Rússia, China, Irã, Cuba, Arábia Saudita e outros, que, com exceção da China, também se submetem aos EUA.

O Brasil não precisa ser submisso, mas ser independente é agir com inteligência, o que tem faltado a Lula ao enfrentar as pressões de Trump

Siga-nos no

ASSUNTOS: Bolsonaro, Lula, tarifas, Trump

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.