A força oculta das organizações criminosas
- A força das facções criminosas não está nos morros do Rio, nem na periferia de Manaus, onde os "líderes de bairro" controlam até a presença de médicos nas unidades básicas de saúde e dizem quem deve receber tratamento prioritário.
- Está numa elite corrompida, com capacidade de financiar não apenas o tráfico, mas de influenciar a polícia, a política e centros do poder. Mas esses são intocáveis.
O estado brasileiro falhou em impedir o avanço das facções criminosas. A reação tardia, com evidente objetivo eleitoral, produz apenas morte, medo e insegurança.
Os que defendem operações de guerra e matança sequer percebem que a política é um circo e, como controla a força policial, joga para a plateia, sem resolver o problema da violência.
O estado falhou no seu compromisso fundamental de proteger a sociedade. Falhou não por omissão, mas por ter sido em parte cooptado pelo crime.
Matar 120 ou até 1.000 vai gerar apoios de um lado e protestos de outro. Repetição de um circo de sangue sem fim, com seus malabaristas manipulando a sociedade de olho no voto.
Mas as organizações criminosas persistirão, como parte de um país corrupto, contaminado pelo lucro fácil, pela sede de poder - tudo em nome de uma pseudo democracia.
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.