É proibido pensar
Incomodado, o sistema reage. Numa contradição a princípios que a elite defendia, fecha a janela do debate público e estabelece que é proibido pensar.
Antes das redes sociais, que abriram a janela para as pessoas se manifestarem e darem início ao verdadeiro debate público, a liberdade de expressão, concentrada em veículos de imprensa que dominavam a política e a opinião pública, era considerada o pilar da democracia.
E democracia cantada como um sistema de governo pelo qual a população elegia seus representantes. Isso bastava para os donos do poder, pouco incomodados com o mundo invisível de milhões de brasileiros.
Agora, como a janela foi aberta e a imprensa profissional, como se autodenominam os grande meios de comunicação, perderam o monopólio, não da informação, mas da narrativa dos fatos, e os políticos passaram a se incomodar; os juízes, antes intocáveis, viraram alvos de criticas, então a democracia deixou de ser "o governo do povo para o povo". Mas não de existir, ao menos conceitualmente.
Incomodado, o sistema reage. Numa contradição a princípios que a elite defendia, fecha a janela do debate público e estabelece que é proibido pensar.
Essa gente é autoritária. A democracia tornou-se apenas uma palavra da qual muitos, no poder, abusam. Como abusam da inteligência dos brasileiros.

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.