DPE vai ao STJ e denuncia aversão do governo Lula aos pobres da Amazônia
- Em nova denúncia levada ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), defensores públicos do Amazonas resumem com precisão um fenômeno antigo: o Estado brasileiro pune a pobreza em nome da ordem, da limpeza e, agora, da natureza.
A Defensoria Pública do Amazonas afirma, em nova ação nova ação no STJ, que operações recentes da Polícia Federal no Rio Madeira refletem o que chama de "aporofobia ambiental" — a aversão aos pobres travestida de política pública —, marcada pelo uso irregular de explosivos e gás lacrimogêneo em áreas habitadas.
Aporofobia é o termo usado para descrever o preconceito contra quem é pobre, que ganha forma quando o poder público decide que certas pessoas e territórios devem desaparecer para que o restante da sociedade pareça “organizado”.
É o que os defensores chamam de política higienista — uma forma de “limpeza social” que tenta expulsar moradores de rua, ambulantes, garimpeiros familiares e ribeirinhos, como se fossem um problema de estética, e não de desigualdade.
No caso do Rio Madeira, a Defensoria relata que explosões e fogo foram empregados em comunidades inteiras, fechando escolas, interrompendo procissões religiosas e destruindo flutuantes que serviam de moradia e sustento.
O argumento de “combate ao garimpo ilegal” não desaparece — mas o modo de agir, alerta a Defensoria, mostra que a política ambiental muitas vezes ignora a dimensão humana das populações amazônicas, transformando vulnerabilidade social em alvo preferencial da repressão.
ASSUNTOS: Amazônia, DPE, Lula, PF, pobreza
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.