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COPS são sinônimo de fracasso para a Amazônia


Por Raimundo de Holanda

13/11/2025 17h19 — em
Bastidores da Política


  • Desde a Rio-92, passando por Kyoto, Paris e quase três décadas de COPs, consolidou-se uma engenharia diplomática que trata a Amazônia como o centro climático do planeta, a engrenagem capaz de estabilizar o aquecimento global.
  • A cada ciclo surgem novos mecanismos, fundos e planos, como se a floresta fosse a solução universal para todas as crises ambientais. Essa arquitetura institucional, por mais sofisticada que seja, jamais se converteu em benefício concreto para quem vive no território.
  • Entre promessas e anúncios, recursos são ventilados, fundos são criados e linhas de financiamento aparecem. Parte desse dinheiro até chega ao país, mas o paradoxo permanece: as populações amazônicas, que convivem diariamente com a floresta, seus riscos e suas carências, não enxergam resultado algum.
  • A Amazônia continua funcionando como símbolo e moeda diplomática, enquanto a vida cotidiana de quem vive na região permanece marcada pela precariedade.

Pede-se ao mundo que financie a preservação, mas a floresta continua queimando, o desmatamento avança e vastas áreas já emitem mais carbono do que absorvem. Mesmo assim, o amazônida segue sendo apontado como responsável por uma degradação que não produziu. 

O que existe por trás disso não é desconhecimento, mas décadas de omissão estatal, incentivos econômicos mal desenhados e decisões tomadas por centros de poder distantes do território.

A Amazônia continua cumprindo sua função climática para o planeta, mas o planeta, e o próprio Brasil, seguem incapazes de cumprir sua função mínima para a Região. 

O resultado permanece inalterado: o uso simbólico da floresta para obtenção de legitimidade internacional, enquanto o amazônida continua sendo o único personagem sem voz na narrativa climática construída sobre ele.

 

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ASSUNTOS: Acordo de Paris, Amazônia, COP 30. Belém

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.