COP 30 e o ciúme que Belém provoca
A COP 30, o maior evento sobre mudanças climáticas promovido pela ONU e que será realizado em Belém (PA), continua mexendo com o brio dos amazonenses. Por que não em Manaus? A razão parece simples: Belém é uma cidade com o porte necessário para abrigar esse tipo de evento, tem infraestrutura, é de fácil acesso por estradas e está no meio da floresta amazônica.
E há um fator politico que contribuiu para essa escolha. Das capitais da região Norte, Belém foi onde Lula venceu Bolsonaro, enquanto em Manaus a derrota foi acachapante: 60 contra 40%. Em Rio Branco a votação de Lula foi um desastre: 72,51% para Bolsonaro, que também venceu em Boa Vista, com 79,47 %.
A COP 30 é um evento dos sonhos, agora perdido. Vai movimentar a economia de Belém, o turismo, o setor hoteleiro, o comércio. Somente o BNDES vai investir R$ 5 bilhões em sua organização.Não é pouca coisa. É de provocar ciúme mesmo.
Mas a COP esconde um verniz de colonialismo latente.
O interesse do Grupo dos Sete Países mais ricos do Mundo no evento vai além da questão ambiental e seus líderes agem sem disfarces. Quando o presidente francês, Manoel Macron, diz repetidas vezes que invasões e incêndios na Amazônia constituem uma crise internacional e de emergência está dizendo o quê? Que o G7 pode intervir. Não sejamos ingênuos. Estamos até ajudando, inocentemente, que um desfecho desse tipo ocorra na região.
Há um precedente e o Brasil precisa estar atento.
Em 1959, países ricos começaram a reclamar a posse da Antártida, em nome da liberdade científica e da preservação do continente em regime de cooperação internacional. A Amazônia não é um continente, mas é claramente o objeto de desejo dos países mais ricos do mundo.Quem viver verá.
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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.