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Começou a discórdia. Pré-candidatos enfrentam seus próprios demônios


Por Raimundo de Holanda

24/04/2016 23h36 — em
Bastidores da Política



A corrida eleitoral em Manaus ficou praticamente estagnada com os holofotes da mídia voltados para o processo de impeachment no Congresso. Com pelo menos quatro possíveis candidatos que se consideram suficientemente ‘fortes’ para enfrentar o prefeito Arthur Neto na disputa pela prefeitura de Manaus, a bancada federal vive seus próprios dramas. O voto de Alfredo Nascimento, por exemplo, foi uma ‘construção midiática’ quase perfeita, que lhe rendeu uma súbita alavancada no gosto dos eleitores de Manaus e lhe desperta intenções reprimidas de retorno ao comando da cidade. Ruim para Marcelo Ramos, que agora começa a sentir uma sensação de ‘pernada no ar’. O que é uma coisa natural em política.

Autor de outro voto polêmico, Hissa Abrahão disse que sentiu a consciência aliviada, mas agora encara uma realidade que pode lhe reservar um ‘desgosto’. O velho cacique Amazonino pode salvá-lo da degola na condição de ter o seu apoio numa candidatura solo do PDT.  

Os outros dois federais são Marcos Rotta, ainda com possibilidades reais de atrair uma aliança ‘competitiva’, que vai depender mais da sua forma de agir e de se articular politicamente. Temperamental, primeiro terá de vencer a si mesmo para ‘somar’ condições de chegar lá.

Silas Câmara tem o seu nicho religioso com ‘teto’ eleitoral, que mais se adapta a uma composição de chapa que a uma disputa direta.

MPF DE OLHO NOS FICHAS SUJAS

A Procuradoria Regional Eleitoral do MPF Amazonas quer que todos os órgãos do Estado alimentem o SisConta Eleitoral, informando os nomes das pessoas físicas potencialmente inelegíveis. Com isso o MPF espera dar mais celeridade às impugnações de candidaturas referentes às eleições deste ano e aumentar a eficácia na aplicação da Lei da Ficha Limpa. Os ofícios já foram expedidos a todos os poderes e órgãos estaduais.

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Nos ofícios, a PRE pede que os órgãos atualizem o sistema com informações referentes a servidores públicos que tenham sido demitidos por processo administrativo ou judicial, magistrados aposentados compulsoriamente, detentores de cargo na administração pública que beneficiaram a si ou a terceiros pelo abuso do poder econômico ou político, parlamentares que perderam os respectivos mandatos, entre outros casos de acordo com a Lei Complementar nº 135/2010, a chamada Lei da Ficha Limpa.

MULHER, COMUNISTA,  DISCRIMINADA

Numa entrevista no fim de semana, a Senadora Vanessa Grazziotin lamentou que a participação das mulheres na Assembleia Legislativa seja baixa: “dos 24 deputados, há apenas uma mulher, Alessandra Campêlo, e isso é muito pouco”. No entanto, ao deixar a sigla no mês de março, aproveitando a ‘janela’ partidária para ingressar no PMDB, Alessandra deixou transparecer que estava ‘magoada’ com o fato de ter sido ‘discriminada’ no partido da senadora. Em seu discurso, na Assembleia Legislativa, a deputada disse claramente que havia sido ‘hostilizada por militantes dentro do partido”, depois de ter anunciado sua intenção de concorrer à prefeitura de Manaus este ano.

TENTATIVA DE FUGA

O senador Eduardo Braga tenta literalmente fugir do que seria seu principal compromisso com a presidente Dilma Rousseff. Votar contra o impeachment dela no Senado, mesmo que seja para perder. Ele deverá reassumir o mandato hoje e poderá ou não se licenciar, deixando a esposa Sandra Braga para representá-lo na votação sobre a admissibilidade do processo de impeachment no Senado. Na cola do senador tem o PMDB, que quer uma definição explícita da bancada favorável ao vice-presidente Michel Temer.

É GOLPE

A palavra ‘golpe’ foi amplamente disseminada pelos petistas nos últimos meses referindo-se ao impeachment da presidente Dilma. Na retórica do governo duas coisas ficaram bem claras: que o tal golpe acontece quando são os ‘outros’ que agem contra você; que o golpe dos outros ‘elimina’ todos os seus pecados. Ainda nessa questão do golpe, o PT tem sido em tudo por tudo contraditório. Dilma, por exemplo, foi à ONU com a intenção de se queixar do golpe da ‘direita imperialista’. E foi justamente à casa do ‘imperialismo americano’ mentor da ditadura militar contra a qual ela lutou ferrenhamente.

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ASSUNTOS: #bastidoresdapolítica, Alfredo nascimento, Amazonino Mendes, arthur virgilio, Hissa Abrahão

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.