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Câmeras em salas de aula, o surto de adolescentes e o medo dos professores


Por Raimundo de Holanda

15/04/2023 20h55 — em
Bastidores da Política



 

A ideia de colocar câmeras em salas de aula como forma de aumentar a segurança nas escolas  do Amazonas - é rejeitada por professores, ou parte deles. A alegação é de que as câmeras representam uma invasão de privacidade. Mas a escola é um espaço público e as salas de aula constituídas não de cadeiras e mesas, mas de um coletivo de pessoas, com hábitos e comportamentos diferentes.

É natural que professores temam que algumas atitudes mais rígidas contra alunos pelo mau comportamento sejam mal interpretadas e resultem em processos de pais contra eles, a escola, o Estado e o Município. Mas é um risco que terão que correr.

O que tem que mudar são as leis, que garantem excessivo direito às crianças, que sequer podem ser advertidas de forma severa.

Cada caso é um caso - e são muitos os casos nas escolas  de verdadeiros surtos, especialmente de adolescentes que colocam o professor em uma situação vexatória. Ou ele reage para restabelecer a autoridade (e a dignidade da profissão) ou perde o respeito da turma e, como consequência, a condição de ensinar.

Ser professor - dizem os mais otimistas - é um sacerdócio. Como ideia de sacerdócio, a prática digna de uma profissão - um conceito apenas. No geral é ser masoquista…

Porque ninguém  sofre mais que um professor, especialmente de escola pública. Alguns acabam freqüentando consultórios de psiquiatras e psicólogos. É fácil ensinar, o difícil é controlar crianças e adolescentes rebeldes, que em casa não respeitam os pais e chegam a ser violentos.

Volto à questão da família, já abordada neste espaço. Se a família não educa para inserir o filho na escola, a escola é incapaz de educar para a vida em sociedade.

A câmera em sala de aula não resolve por si só os problemas de violência praticados pelos próprios alunos, mas é um  instrumento que leva o estudante a refletir melhor e se comportar melhor. Afinal, há um olho eletrônico registrando tudo.

Policiais armados nas escolas, como querem autoridades do Estado do Amazonas e do Município de Manaus é uma ideia ruim. Arma é perigosa onde há crianças e, afinal, não se pode confiar nos adultos que as carregam na cintura. Não todos. O problema é que as exceções, quando somadas, ficam acima da regra geral.

A melhor a ideia é levar a família para a escola, inserir pais nas atividades esportivas e cívicas da escola, acompanhando os filhos.  Isso ninguém pensa , mas chegou a hora de pensar…

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ASSUNTOS: Amazonas, ataque a pofessora, educação, Manaus

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.