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Atentado ao carro da PC em Manaus e drogas em poder de policial. Hora de expurgo


Por Raimundo de Holanda

08/01/2022 20h22 — em
Bastidores da Política



A Polícia do Amazonas tem a obrigação de passar um pente fino em seus quadros. Se necessário, cortar na própria carne, expurgar maus agentes públicos, ou ficará a suspeita de que a base do sistema de segurança foi corrompida…Exemplos não faltam: do atentado a um carro que transportava presos sem escolta em Manaus à apreensão de duas toneladas de drogas neste sábado, em Iranduba, que estavam em poder de um policial lotado na Delegacia Especializada de Crimes Cibernéticos. Isso revela uma contaminação, não se sabe ainda em que escala.

A inteligência da Secretaria de Segurança do Amazonas avançou pouco nas investigações do atentado a um carro da Policia Civil que transportava presos para uma audiência de custódia em Manaus. Mirou os atiradores, mas falta explicar por que apenas dois policiais, entre eles uma mulher, conduziam três presos perigosos para uma audiência de custódia.

Explicar as razões pelas quais não havia escolta para o traslado dos presos da delegacia para o Fórum Henoc Reis, local onde ocorreu o atentado.

Explicar também por que os policiais não reagiram, nem porque a operação não foi mantida em sigilo. Se foi, houve vazamento. E muito provavelmente  houve.  Mas quem? Os criminosos teriam tentáculos dentro do sistema policial? São perguntas que precisam e devem ser respondidas.

Parece claro que houve facilidade para o atentado, que houve informação privilegiada repassada aos criminosos.

A Polícia tem a obrigação de passar um pente fino em seus quadros. Se necessário, cortar na própria carne, expurgar maus agentes públicos, ou ficará a suspeita de que a base do sistema de segurança foi corrompida.

"Ah, mas prendemos os criminosos". É verdade, mas depois de um grande   estrago na imagem da Polícia. De toda a polícia.

Houve uma reação, também é verdade, mas  reação que veio depois da rendição de policiais que baixaram as armas e não reagiram, enquanto custodiados, sob a responsabilidade do Estado, eram mortos ou feridos.

Ah, mas eram bandidos “que fodam-se”. Verdade, mas foram assassinados ou feridos dentro de um carro da Polícia,  portanto a agressão foi contra o Estado.

Pior, pode haver consequências pelo fato dos presos - sobreviventes  - não terem comparecido, por razões ja expostas, a audiência de custódia.  Como não foram apresentados no prazo de 24 horas após a prisão, seus advogados poderão  invocar a nulidade das prisões, conforme decisão prolatada pelo Supremo Tribunal Federal.

Mas isso é o menos importante neste momento em que forças policiais parecem desmobilizadas. Em que apreensões de duas toneladas de drogas, neste sábado,  em Iranduba, estavam em poder de um policial lotado na Delegacia Especializada de Crimes Cibernéticos. Isso revela uma contaminação, não se sabe ainda em que escala, do sistema de segurança.

 

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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.