A armadilha da "língua presa" de Roberto Cidade
O deputado Roberto Cidade é um homem inteligente, um político bem articulado ou não chegaria onde chegou - vereador de Manaus, deputado por dois mandatos e presidente da Assembleia Legislativa. Mas caiu na armadilha mais vulgar, ao revelar incômodo com a ironia de adversários que o criticavam por pronunciar errado uma palavra, uma única palavra: problema.
No programa eleitoral desta quinta-feira, Cidade acusa os adversários de capacitistas e admite uma deficiência que não tem.
Não dá para acreditar que Cidade quis se vitimizar, tirar proveito político de um ploblema que afinal não é o problema dessa eleição ou da sua campanha, mas a falta de um debate construtivo, de nível, que comporte o contraditório.
Também não é autista, nem deficiente. Vender essa ideia para o eleitor é triste e revela que o debate público entrou em decadência geral.
Cidade seguramente não ganhou votos com esse discurso vitimista. Ganhou memes, que se espalharam como morcegos nas redes sociais.
Os próximos dias revelarão o quanto perdeu de sangue com esse discurso e quais vampiros se aproveitaram desse líquido pastoso que lá na frente toma forma de voto.
O problema de Roberto não é o ploblema. Problema são marqueteiros que apostam no tudo ou no nada, porque não importa o risco. Sempre ganham muito dinheiro. Mas no caso de Cidade, que vai bem nas pesquisas, só ele tem muito perder.
ASSUNTOS: amom mandel, Capacitismo, David Almeida, Roberto Cidade
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.