A arma errada utilizada pela PF contra garimpeiros na Amazônia. Quem envenena mais?
O Brasil não sabe ou não quer resolver seus problemas mais básicos. A decisão da Comissão de Direitos Humanos do Senado, de levar a tribunais internacionais denúncia contra o uso de explosivos pela Polícia Federal para combater o garimpo ilegal - é mais uma prova de que não há consenso sobre nada, de que ninguém quer ouvir ninguém, que o conceito de poluição da atmosfera é apenas uma frase na boca de falsos ambientalistas que apoiam a medida - sem a percepção, elementar, de que as bombas não apenas destroem balsas: a fumaça é toxica, contém monóxido de carbono e cianeto, causa problemas de saúde e compromete o meio ambiente.
Os resíduos de diesel e mercúrio jogados nos rios com a explosão, matam os peixes, intoxicam populações e causam pânico em ribeirinhos.
A verdade é que a Polícia Federal não age por conta própria - há o Ibama, que deveria proteger o meio ambiente, e medidas judiciais tomadas por magistrados vesgos, distantes da realidade amazônica.
A PF tem o dever de apreender, punir eventuais envolvidos, mas opta pelo que considera mais fácil: destruir e , com isso, dá o mau exemplo de como contribuir para destruir o meio ambiente, contaminar os rios, aterrorizar ribeirinhos.
Estranho é que não se viu em nenhum momento uma ONG - dessas criadas para angariar fundos internacionais supostamente para a proteção da Amazônia, denunciar os métodos rudimentares usados pela PF para combater o garimpo ilegal.
A quem recorrer se as instituições não funcionam, os órgãos de controle foram cooptados, se há um jogo de interesses ainda indecifrável por trás de tudo isso? Ir a tribunais internacionais não resolve. Resolve e bom senso, diálogo, mas ninguém quer ouvir.
ASSUNTOS: Amazonas, Amazônia, explosão de balsas, garimpo ilegal, PF
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.