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Águas de Manaus infiltra-se no jornalismo da TV Amazonas. Resultado: desinformação


Por Raimundo de Holanda

29/08/2025 20h18 — em
Bastidores da Política


  • A TV Amazonas tem mostrado o avanço da rede de saneamento em Manaus, o que é salutar. Mas faz um jornalismo parcial ao não exibir o estrago que a empresa provoca nas ruas, o bloqueio de avenidas, violação da norma de mitigar o impacto de vizinhança, o direito ao silêncio quebrado por britadeiras, a atividade poluidora, a importunação geral, fora o estrago de muros e casas que as batedeiras da empresa provocam.
  • Tudo bem que para a emissora de Phelippe Daou vale mais o peso da grana do que o bem-estar da população, mas peca pela má qualidade da informação. Na prática, a emissora fala a linguagem de quem paga e vende gato por lebre ao telespectador.

O jornalismo, por essência, deve servir ao interesse público. Sua função é mostrar a realidade em toda a extensão. Mas as matérias exibidas pela Rede Amazônica, em vez de confrontarem os problemas que afligem Manaus, têm preferido realçar apenas sinais positivos da atuação da Águas de Manaus. O resultado não é informação plena: é uma versão editada que esconde do telespectador o quadro real vivido pela cidade.

Falar em expansão da rede de saneamento é importante, mas não basta. Ao omitir os efeitos colaterais — crateras em vias, bloqueios de trânsito, poeira, lama, barulho constante, muros e casas danificados — a emissora entrega uma narrativa parcial. Há ainda denúncias de obras feitas com licenças vencidas ou inexistentes, em desacordo com normas ambientais e de mobilidade.

Enquanto a televisão exibe otimismo, bairros inteiros passam até oito dias sem água, mesmo com moradores pagando as contas em dia. Não é detalhe: é a negação de um direito humano essencial.

Ao ignorar esse lado da história, a Rede Amazônica abandona o compromisso com o público. O jornalismo sério não se confunde com publicidade. Manaus não precisa de versões polidas, precisa da verdade.

No fim, a emissora parece ter escolhido falar mais a linguagem de quem paga do que a voz de quem sofre. É uma opção lamentável, porque empobrece a informação e abandona o interesse público.

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ASSUNTOS: Águas de Manaus, jornalismo nao profissional, Rede Amazônica

Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.