Cimi lamenta crimes no Vale do Javari e pede retomada da política de proteção a indígenas
Manaus/AM - A fundamental retomada, pelo Estado brasileiro, de forma imediata, da política de proteção à vida e aos territórios dos povos indígenas, assim como o enfrentamento, no caso da Terra Indígena do Vale do Javari, das frentes de invasão e de ocupação ilegal, garantindo aos povos indígenas, e de forma particular aos povos que ali vivem em situação de isolamento, proteção e segurança, foram solicitações de uma nota do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) divulgada na manhã desta quinta-feira (16).
A entidade disse ter recebido com imensa tristeza e profunda indignação a notícia do assassinato do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, desaparecidos desde o último dia 5 de junho, no Vale do Javari, estado do Amazonas, na fronteira Brasil e Peru.
Ao manifestar solidariedade e sintonia com as famílias e amigos de Bruno e Dom, destacou a atuação dos dois em defesa da vida e dos direitos dos povos indígenas cuja determinação lhes deu um reconhecimento verdadeiro e uma estima extraordinária por parte dos povos indígenas, de seus aliados e de todas as pessoas de bem.
O Cimi manifestou também o apoio e solidariedade aos povos indígenas da do Vale do Javari e à União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja), que se dedicaram com todas suas forças e conhecimentos à busca de Bruno e Dom e ainda foram alvo de falsidades e acusações por parte de autoridades federais.
“Enquanto aguardamos pela identificação definitiva dos corpos encontrados, o Cimi exige das autoridades que esses assassinatos sejam imediatamente apurados, alcançando todos os atores que lucram e participam dos esquemas de invasão e exploração ilegal na TI Vale do Javari”, diz a nota, completando com a afirmação de que é essencial que sejam apuradas as responsabilidades políticas que permitiram a morte de Bruno e de Dom.
“A TI Vale do Javari, como outros territórios indígenas no país, vivem uma situação permanente de assédio, violência e insegurança. A inação sistemática do governo brasileiro e sua política anti-indígena estimulam e empoderam os invasores das terras indígenas para agir livremente, encorajados pela certeza da impunidade, tornando o ambiente cada vez mais perigoso para os povos indígenas, suas lideranças e seus aliados. Trata-se de um projeto deliberado e intencional, de perseguição e ameaça à vida dos povos indígenas e de seus aliados”, afirma a entidade na nota.
Para o Cimi, o momento precisa da reação e da união de toda a sociedade brasileira. “Não podemos ficar indiferentes diante do abandono da ação do Estado, o incentivo à violência, a impunidade, o descaso e a omissão”.
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