O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu afirmou que o sucessor natural do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é o próprio Partido dos Trabalhadores (PT). Em entrevista à jornalista Andréia Sadi, do G1, Dirceu reconheceu que a legenda enfrenta dificuldades internas, com instâncias partidárias que “deixaram de funcionar muitas vezes”. Apesar disso, ele destacou que o partido voltou ao poder em 2022, após uma sequência de derrotas e crises políticas.

Para Dirceu, a esquerda não perdeu relevância nas eleições porque Lula foi eleito novamente, mas admitiu que o campo progressista se enfraqueceu nos territórios e nas redes sociais. “O discurso, muitas vezes, é de um Brasil que não existe mais”, avaliou. Segundo ele, o crescimento da direita desde 2014 forçou a esquerda a entrar em modo defensivo, citando o impeachment de Dilma Rousseff, o movimento Lula Livre e a pandemia como marcos desse período.

Dirceu também afirmou que a vitória em 2022 foi mais fruto do "antibolsonarismo" do que de uma articulação sólida da esquerda. Ele reforçou que, mesmo diante dos desafios enfrentados entre 2013 e 2019, o PT obteve resultados eleitorais relevantes. Ainda assim, alertou que o partido precisa reorganizar sua base e melhorar a comunicação com as regiões do país.

Apesar do histórico de proximidade com Lula, o ex-ministro revelou que não tem conversado com o presidente nos últimos meses. “Não preciso falar com ele para saber o que pensa. Ele se expressa semanalmente em entrevistas e artigos”, comentou Dirceu, que continua sendo uma das vozes mais influentes dentro do PT.