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Serra recebeu R$ 52,4 milhões em propina, diz delator da Odebrecht

Por Agência O Globo

09/01/2018 15h01 — em
Brasil



SÃO PAULO — Em depoimento à Polícia Federal, o ex-presidente da Odebrecht e delator na , Pedro Novis, informou que a empreiteira distribuiu R$ 52,4 milhões em ao senador ( PSDB). Os repasses começaram em 2002, durante a campanha presidencial do tucano. O primeiro pagamento foi de R$ 15 milhões.

Uma outra bolada, no valor de R$ 23,3 milhões, foi paga em forma de propina a Serra em 2010, segundo o delator. O dinheiro seria uma contrapartida à liberação, pelo governo paulista, de R$ 170 milhões em créditos devidos a uma empresa do grupo Odebrecht, no ano anterior. O depoimento foi divulgado pelo jornal "Valor Econômico", e confirmada nesta terça-feira pelo GLOBO.

Assim que fecharam delação premiada, um grupo de executivos já havia confirmado à Procuradoria Geral da República (PGR) que José Serra havia recebido os R$ 23,3 milhões "por fora", além de mais cerca de R$ 25 milhões como doação oficial da Odebrecht para a campanha. Sobre o repasse de R$ 15 milhões, Novis informou que não conseguiu recuperar os registros dos repasses realizados pela Odebrecht.

Em nota, a assessoria de imprensa do senador negou o recebimento de propina: “O senador José Serra esclarece que jamais recebeu qualquer tipo de vantagens indevidas de qualquer empresa ou indivíduo, especialmente da Odebrecht”. A assessoria ainda recorreu a trechos da delação de Novis. Em um trecho, ele diria: “Doutor, o senhor quer saber de uma coisa? Esse homem (que seria Serra) nunca nos ajudou. Nós sempre apostamos nele, essa é que é a verdade. Sei que os advogados estão aqui, ficam incomodados, mas eu tenho de dizer aos senhores”.

“Por essa declaração de Pedro Novis fica claro que nunca houve retribuição, nunca houve recebimento de recursos ilícitos, nunca houve favores, muito menos propina como moeda de troca para beneficiar a empreiteira. O próprio delator desmente o fato”, diz Serra, segundo a assessoria.

Outro trecho da delação diz: "Que considerava o secretário José Serra um administrador bastante austero, sendo que o mesmo inclusive se recusava a visitar as obras a pretexto de não se deixar comover pela grandiosidade dos projetos; que somente em 2002 o então candidato José Serra, que concorreu à Presidência da República naquele ano, solicitou recursos ao declarante".

Segundo depoimento prestado ao delegado Luiz Zampronha, da PF em Brasília, o pedido de propina aconteceu pessoalmente no escritório ou mesmo na casa do senador.

Além, disso, Novis acusou Serra de já ter se beneficiado em 2004, quando disputou a prefeitura de São Paulo, de mais R$ 2 milhões em doações da Odebrecht "realizada sem registro na Justiça Eleitoral". O dinheiro, segundo ele, foi pago em espécie e no país.

O executivo, no entanto, ainda informou à PF outros R$ 4,5 milhões repassados a Serra através através de uma conta bancária no exterior. Serra também teria pedido - e recebido, segundo delator - mais R$ 3 milhões em doações eleitorais para campanhas municipais do PSDB em São Paulo. Por fim, um outro repasse, de R$ 4,6 milhões, foi feito pela Odebrecht a Serra para a campanha de 2012.

Em nota, a empreiteira Odebrecht reforçou a “consistência e plenitude” de sua colaboração premiada e disse estar empenhada em ajudar a esclarecer qualquer dúvida.

“O acordo de colaboração da Odebrecht já se provou eficaz e está comprovado nos desdobramentos das investigações e processos judiciais no Brasil e no exterior, amplamente noticiados na imprensa. A Odebrecht reitera que reconheceu os seus erros, pediu desculpas públicas, assinou Acordo de Leniência com as autoridades do Brasil, Estados Unidos, Suíça, República Dominicana, Equador e Panamá, e está comprometida a combater e não tolerar a corrupção, qualquer que seja a sua forma”, diz o comunicado da empresa.


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