Yara Lins leva TCE para a delegacia
- A revelação da suposta agressão sofrida por Yara Lins, feita de forma inusitada em uma delegacia de polícia, deixa no ar perguntas constrangedoras: o que mais ocorre numa Corte de Contas que aparentemente esconde segredos pouco compartilhados?
Ao se deslocar até a Delegacia Geral para denunciar suposta agressão verbal sofrida - teria sido chamada de “puta”, “vadia” e “safada” pelo conselheiro Ary Moutinho, a presidente eleita do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas, Yara Lins, expôs todo o tribunal. Não é o fato de ser a única mulher na Corte que deve contar - é se a ofensa de fato ocorreu, o que negou Ary Moutinho em nota.
Uma coisa é ser vítima - e mulheres são vítimas de agressões diariamente - outra é se considerar vitimizada por ser mulher, o que é outra coisa.
O fato por si mesmo é lamentável. Um suposto desentendimento entre conselheiros torna-se um caso de Polícia e toda a sociedade passa a olhar o tribunal como um centro de delinquência - onde uma conselheira diz que foi chamada de “puta” e “vadia”, por isso vai à polícia e faz uma coletiva, quando poderia ter resolvido interna e reservadamente o problema, ou se seu desejo era expor o TCE, usado o próprio gabinete para conversar com a imprensa e fazer as alegações que fez. Em respeito à Corte que preside.
A revelação da suposta agressão, de forma inusitada em uma delegacia de polícia, deixa no ar perguntas constrangedoras: o que mais ocorre numa Corte que aparentemente esconde segredos pouco compartilhados?
A conselheira Yara pode sim ter sido vítima da agressão que diz que sofreu. O conselheiro Ary pode sim estar falando a verdade ao dizer que não a ofendeu. Que Yara deliberadamente trocou as palavras: “Bom dia” ela transformou, segundo ele, em “vadia”.
Mas a conselheira acaba prestando um grande serviço ao Estado: com a denúncia feita em uma delegacia, ela virou, inadvertidamente, a chave do cofre que esconde segredos que, se revelados como se espera, pode forçar uma mudança radical na estrutura de um tribunal de contas que precisa e deve prestar contas de seus atos à sociedade. O cristal foi trincado.
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ASSUNTOS: ARY MOUTINHO, Manaus, polícia, TCE-Am, YARA LINS
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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.