Sobre a mãe que invadiu escola para bater no filho gay
Não entendi porque a ‘live’ exibida nesta quinta-feira pelo Portal do Holanda não mostrou os rostos das crianças que deram um exemplo de dignidade e humanidade ao defenderem, em ato público, um colega de classe humilhado e espancado pela mãe por ser homossexual. Foi o bullying, inverso, saindo de casa para a escola e os quase adolescentes no papel de denunciantes de um ato violento, ocorrido em sala de aula, onde a invasora e agressora foi a própria mãe.
Sou o diretor do Portal e não costumo interferir nas reportagens. Como qualquer leitor, acompanho as ‘lives’, anoto os erros e acertos para discuti-los com a redação. Mas vou exercer aqui o papel do ombudsman neste caso triste, por mostrar a complexidade de uma relação entre mãe e filho, mas que serviu de exemplo pela coragem e discernimento das crianças que se manifestaram, além, é claro, da interpretação equivocada, pelo portal, de leis que protegem a identidade de crianças e adolescentes.
A pergunta que fiz à diretora de redação foi: Por que não mostrar o rosto dos manifestantes? O Portal entendeu que eles faziam algo incorreto ? ‘Eram crianças…’
Mas nada impedia de aparecerem. Pelo contrário. O exemplo que elas deram é de uma rara percepção de que o mundo mudou. E o mais importante: que a violência tem que ser combatida. Quando crianças tomam essa iniciativa algumas portas e janelas se abrem. Revela uma sociedade que se transforma a cada dia, reagindo à intolerância, à violência e ao preconceito. E mais que isso: o futuro que essas crianças representam será, sem dúvida alguma, de um mundo muito melhor do que o que vivemos hoje.
ASSUNTOS: Bolsonaro, hmofobia, homossecual, mae-invade-escola-e-bate=em=filho=gay
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.