Serafim, dona Lydia e o milagre de Rafael em suas vidas
Conheço Serafim Correa há muito tempo, mas não sabia, até cinco anos atrás, que era pai de Rafael, nem da doença que mantinha o filho preso a uma cama por 40 anos. Para um homem que sempre foi alegre, inteligente, sério, sarcástico na tribuna e fora dela, era impossível perceber sofrimento em seus olhos. Porque não havia. Rafael não era um peso em sua vida nem de dona Lydia. Era esperança.
A primeira impressão com o diagnóstico de que o filho tão esperado tinha uma doença grave que o manteria preso a um leito deve ter sido devastadora para o casal. A notícia, imagino, chegou como cacos de vidro penetrando na pele, rasgando a carne e provocando dor. O milagre foi transformar tudo isso em afeto, em entrega, em ternura, em alegria de viver.
Dona Lydia foi embora em 20 de dezembro de 2020. Rafael deve ter sofrido muito. Serafim tentou amenizar esse sofrimento com mais entrega.
A partida de Rafael tira de Serafim uma parte importante do sentido que ele dava à vida - que construiu com dona Lydia num pacto de amor - aquele amor que não reside em palavras vãs, que é permanente e não se esgota.
Mas Serafim é forte. Saberá renovar esse amor na lembrança daqueles que foram molas mestras da construção de um lar, de uma família.
Saberá passar a noite de hoje serenamente, à espera do sol de amanhã, ou da chuva que molha o chão e faz nascer a relva ou a flor. A vida, afinal continua, meu amigo…
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Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.