Asfaltamento da BR 319 vira discurso eleitoral no Amazonas
A conclusão do governo federal, de que o sistema hidroviário é um meio de transporte barato e atende melhor os interesses da indústria e do comércio da Zona Franca de Manaus, empaca qualquer iniciativa em curso para o asfaltamento da BR 319.
Não foi surpresa o veto do presidente Lula à emenda proposta ao Projeto da Lei Geral de Licenciamento Ambiental, que excluía a BR das normas impostas pelo Ibama e que vêm travando a recuperação da rodovia.
Mesmo na possibilidade da derrubada do veto, o governo federal está disposto a fechar os cofres. Sem dinheiro, não há asfalto.
Mas a BR tem um destino real: virar bandeira política. Esse é um discurso vazio, sem muita consequência, a não ser iludir o eleitorado de que o veto será derrubado e a rodovia asfaltada.
O senador Eduardo Braga (PMDB), candidato à reeleição, falou grosso e criticou o governo do qual é aliado.
Braga fala para um eleitorado iludido, que sonha com a BR asfaltada. Mas se essa é uma bandeira eleitoral do senador, ele precisa modificar o discurso, ser criativo, mostrar saídas, inclusive para um governo comprometido com o meio ambiente e a preservação de uma área onde se concentram recursos naturais que precisam ser preservados.
Construir uma ferrovia nos 400 quilômetros do "trecho do meio" seria uma saída. Mas essa gente não pensa outra coisa senão se reeleger a custa de promessas.
Braga é um negociante e um vendedor de ilusões. Deveria saber que política não se faz com promessas. É preciso ter ideias e compartilhá-las com a sociedade.
ASSUNTOS: BR 319, Eduardo Braga, Ibama
Raimundo de Holanda é jornalista de Manaus. Passou pelo "O Jornal", "Jornal do Commercio", "A Notícia", "O Estado do Amazonas" e outros veículos de comunicação do Amazonas. Foi correspondente substituto do "Jornal do Brasil" em meados dos anos 80. Tem formação superior em Gestão Pública. Atualmente escreve a coluna Bastidores no Portal que leva seu nome.