Satélites permitiram geólogos acompanhar seca histórica do Rio Solimões
O sensoriamento remoto permitiu fazer um mapa e mostrar a intensidade da seca, que foi a mais extrema já registrada na Bacia do Rio Solimões, afirmou o pesquisador Daniel Moreira, do Serviço Geológico do Brasil (SGB), durante a Conferência Internacional South America Water fron space 20224, iniciada na última terça (29) e que se encerra amanhã, sábado (2), em Belém (PA).
De acordo com Daniel, o uso de satélites permitiu monitorar os rios e acompanhar o avanço da seca na região amazônica, especialmente em locais de difícil acesso, e permitir análises mais precisas e abrangentes sobre as condições dos rios
O trabalho integra o projeto Dinâmica Fluvial e é realizado há 16 anos, no âmbito de um acordo de cooperação entre o SGB e o Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD), da França. Os dados obtidos no trabalho são apresentados em uma plataforma lançada recentemente.
O pesquisador destaca que as tecnologias para sensoriamento remoto têm se mostrado promissoras para monitorar os rios e ampliar a compreensão sobre os eventos climáticos extremos.
O SGB atuou na equipe científica do projeto SWOT for South America (SWOT para a América do Sul), realizado entre 2020 e 2023, para a validação e calibração dos dados do satélite. Agora, o projeto entrará em nova fase: no projeto SWOT for the AMazon BAsin (SAMBA), que permitirá observações mais detalhadas sobre a Bacia Amazônica.
A pesquisa comprova, segundo ele, a eficiência dos dados de satélite para monitoramento hidrológico, o que estimula a ampliação do número de satélites com essas características, tornando possível gerar cada vez mais dados sobre os rios.
“Chegaremos em um momento em que será lançada uma "constelação" de satélites com as mesmas características, assim teremos vários satélites que vão passar um atrás do outro e vamos conseguir monitorar com uma frequência muito maior”, explicou o pesquisador.
Daniel prossegue destacando que a grande contribuição pela pesquisa do SGB é dizer que o satélite funciona de forma ideal para o monitoramento. “Depois disso, passamos da fase experimental-científica para a fase operacional, para aplicação em projetos em hidrologia”, afirmou.
Ainda no evento, o pesquisador francês Paul Coulet, da Universidade de Toulouse, apresentou estudos preliminares sobre variações no nível do mar e nos rios para os próximos anos, além de destacar as observações que indicam o aumento da frequência e intensidade de episódios da seca.
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