Procurador Silvio Bringel rebate acusações e defende continuidade do Concurso da CMM

Em entrevista ao programa Meio-Dia com Jefferson Coronel nesta segunda-feira (19), o procurador da Câmara Municipal de Manaus (CMM), Silvio da Costa Bringel, rebateu as acusações de favorecimento envolvendo sua família no concurso público da Casa Legislativa. A entrevista ocorre em meio a intensos debates sobre a validade do concurso, com manifestações de candidatos e da Defensoria Pública, que passou a acompanhar o caso.
Bringel fez questão de esclarecer que sua participação no programa foi em caráter pessoal, e não como representante institucional da Procuradoria da Câmara. “Minha presença aqui é como servidor que teve seu nome e o de seus familiares envolvidos de forma injusta nesse caso”, afirmou, reforçando que não tem responsabilidade direta sobre a condução do certame.
O procurador também se posicionou sobre as alegações envolvendo sua filha e genro, ambos citados como possíveis beneficiados pelo concurso. Segundo ele, ambos ficaram fora do número de vagas previstas no edital. “Minha filha ficou em segundo lugar para o cargo de médica, mas o edital previa apenas uma vaga. Já o meu genro ficou em terceiro no cargo de procurador, sendo que a terceira vaga era reservada para pessoas com deficiência. Portanto, ele estaria em quarto lugar na prática”, explicou, esclarecendo que, independentemente da posição, nenhum dos dois seria nomeado imediatamente.
A entrevista ganhou tom de indignação quando Bringel criticou o que chamou de "inércia" da direção da Câmara em relação ao relatório final da sindicância interna, que, segundo ele, concluiu há mais de 40 dias que não houve irregularidades no processo. “O processo está parado na Diretoria Geral da Câmara. Caberia a ela encaminhá-lo ao presidente para adoção de medidas. Nada foi feito”, afirmou, demonstrando frustração com a falta de ação.
Bringel também reforçou que, com esse relatório em mãos, o presidente da Câmara tinha diversas opções de ação, mas jamais a de anular o concurso. “O presidente poderia tomar qualquer decisão, menos anular o concurso. Isso foi uma medida extrema, sem fundamento, que prejudicou milhares de aprovados que se prepararam por anos”, destacou.
Sobre sua possível intervenção no concurso, Bringel negou qualquer envolvimento direto. Ele revelou que sua única participação com o Ministério Público foi em relação a uma questão administrativa sobre o número excessivo de cargos comissionados na Câmara. “Fui lá tratar de uma questão de estrutura administrativa: por que a Câmara tem quase três vezes mais cargos comissionados do que efetivos. A pauta era essa. Dizer que fui lá tratar do concurso é mentira”, afirmou, apresentando o termo de audiência do Ministério Público que comprova sua versão.
Em tom solidário, Bringel lamentou os impactos da anulação do concurso para os candidatos que, segundo ele, se dedicaram intensamente para garantir suas vagas. “São centenas de pessoas que se prepararam por anos, investiram dinheiro, vieram de outros estados. É injusto vê-las sendo usadas em uma disputa política”, criticou, fazendo referência à especulação de que o processo de anulação tenha motivação política relacionada a tensões internas na presidência da Câmara.
O procurador também disparou contra o presidente da Câmara, que tem atribuído a decisão de anular o concurso a uma suposta "decisão colegiada" dos vereadores. “Quando o presidente tenta jogar essa responsabilidade para um grupo de vereadores, é uma cortina de fumaça. Porque a competência é dele. Ele é quem decide. Não há decisão colegiada, isso nunca foi tratado em plenário”, afirmou.
Ao final da entrevista, Bringel fez um elogio à postura da Defensoria Pública, especialmente ao defensor público Carlos Almeida, por se posicionar contra a anulação do concurso. “É uma luta coletiva. A Defensoria está do lado certo da história”, concluiu.
O apresentador Jefferson Coronel anunciou que, em breve, convidará representantes do Ministério Público, da presidência da Câmara e do próprio defensor público para esclarecer todos os lados envolvidos no caso e buscar uma resolução definitiva para o impasse.

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