Poliomelite: Com baixa vacinação, Amazonas acende alerta na tríplice fronteira do Alto Solimões
O registro de um caso de poliomielite em uma criança indígena no Peru, país que faz fronteira com Tabatinga, no Amazonas, levou as autoridades de saúde a ampliar os alertas para a importância do aumento do índice de vacinação, especialmente nos municípios de Benjamin Constant, Atalaia do Norte e Tabatinga, que fazem parte da Tríplice Fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru.
No Amazonas, a cobertura vacinal contra poliomielite até dezembro de 2022 foi de 76,95%, referente a crianças menores de 1 ano, que compõem o público para cobertura vacinal contra a doença, segundo a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas Drª Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP).
O índice é menor que o considerado ideal, que é de 95%, segundo o Ministério da Saúde (MS). A vacinação, indicada para crianças menores de cinco anos, vem caindo desde 2019 e nenhum estado atingiu o índice superior a 95% de imunização do público alvo.
O caso de paralisia infantil no Peru é de uma criança indígena de 1 ano e 4 meses, que não estava vacinada e teve como sequela a paralisia das pernas.
No Brasil, não existem casos da doença desde 1989. Em 1994, o país recebeu da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) a certificação de área livre de circulação do vírus da poliomielite.
Como ainda não existe um tratamento específico para a paralisia infantil, todos os contaminados devem ser hospitalizados para tratar os sintomas. Os médicos alertam que todo cuidado é pouco, porque os efeitos da doença podem ser graves e estão relacionados com a infecção da medula e do cérebro pelo polivírus.
A pessoa infectada pode desenvolver dores nas articulações, pé torto, crescimento assimétrico das pernas, osteoporose, paralisia, dificuldade na fala e atrofia muscular.
Alto Solimões
De acordo com a Secretaria de Saúde do Amazonas (SES-AM), na região do Alto Solimões, onde ficam os municípios de Benjamin Constant, Atalaia do Norte e Tabatinga, que fazem parte da Tríplice Fronteira (Brasil, Colômbia e Peru), a FVS-RCP vem intensificando as ações de supervisão e monitoramento em relação às coberturas vacinais nas localidades com ênfase para a cobertura vacinal contra poliomielite.
Equipes da FVS-RCP realizaram duas visitas técnicas nesta primeira quinzena do mês de abril com o objetivo de dar suporte técnico às secretarias municipais de saúde dos três municípios. Uma dessas visitas foi realizada junto a equipes do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde do Amazonas (Cosems) e Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
A vacina contra a poliomielite faz parte do calendário de rotina da FVS-RCP e a vigilância vem sendo intensificada em todos os 62 municípios do Amazonas, com visitas técnicas que incluem treinamentos e ações de suporte técnico para profissionais de saúde das secretarias municipais de saúde visando ampliar as coberturas vacinais.
O esquema vacinal consiste na administração de três doses de vacina inativada poliomielite (VIP), aos 2, 4 e 6 meses de idade, com intervalo de 60 dias entre as doses. O intervalo mínimo entre as doses é de 30 dias e é recomendado administrar duas doses de reforço, a primeira aos 15 meses e a segunda aos 4 anos de idade.
Caso a criança não tenha tomado a vacina antes de completar 1 ano, pode tomar até 5 anos.
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